sábado, 8 de setembro de 2007

01 - INTRODUÇÃO:


O presente trabalho consiste em mostrar que as escolas de samba de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, estão modificando e mudando a história do samba e do carnaval campista, quando fazem uso de homenagens a políticos da atualidade. O samba até então era tido como uma forma de protestar contra os senhores de engenho e políticos da época, que não tinham interesse em tratar os negros como seres humanos, mas como máquinas de trabalhar. Hoje as escolas de samba de Campos por dependerem de verbas governamentais para mostrar a sua arte, aliam um tema a uma homenagem a um político atual, que usa o seu poder para fazer da escola e do samba um marketing político.
Nesse trabalho de pesquisa além de uma introdução histórica da origem do carnaval, a pesquisa mostrará os aspectos do carnaval até os fatos que contrastam com o que se sabe dos primórdios do carnaval, como manifestação popular e folclórica de diversos lugares do mundo, até chegar ao carnaval campista.
Será com entrevistas que mostrarei os antagonismos da história dos antigos carnavais e dos carnavais de hoje, ouvindo figuras que de uma certa forma fazem parte da história do carnaval de Campos, bem como de homens públicos que hoje vêem o carnaval como forma de marketing político e pessoal.

02 - DESCRIÇÃO DA PESQUISA:

G. R. E. S. Ás de Ouro. 2007.

* Fotos gentilmente cedidas por Antônio Leudo (PMCG)

02.01 - O carnaval como manifestação cultural e folclórica


José Marques de Melo

No livro “As festas populares como processos comunicacionais: Roteiro para o seu inventário, no Brasil, no limiar do século XXI”, o autor José Marques de Melo preceitua que “festa é um fenômeno de natureza sócio-cultural que permeia toda a sociedade; significando uma trégua no cotidiano rotineiro e na atividade produtiva”.


Alceu Maynard

No mesmo livro, há uma citação de Alceu Maynard Araújo, que identifica o surgimento da festa na gênese da sociabilidade do homem, atribuindo um sentido mágico e comunitário.

“Dentre as manifestações da vida social nos agrupamentos humanos podemos destacar a festa, cujo aparecimento data das mais remotas eras, certamente quando o homo faber, deixando de ser mero coletor de alimentos, praticante da técnica da subsistência da catança, passou a produzi-los, plantando. Há na aurora das festas aquela preocupação mágica de agradecer a natureza ou suplicar para que ela, entidades supraterrenas, não permitam as pragas, danos ou malefícios nas plantações, praticando, portanto ritos protetivos e produtivos. A festa interrelaciona-se não só com a produção, mas também com os meios de trabalho, exploração e distribuição, ela é portanto conseqüência das próprias forças produtivas da sociedade, por outro lado é uma poderosa força de coesão grupal, reforçadora de solidariedade vicinal cujas raízes estão no instinto biológico da ajuda, nos grupos familiares (Araújo, 1973:11)”.

O pesquisador José Marques de Melo informa que o estudo das festas não pode ser feito de forma estanque sem que façamos uma correlação das festas com a vida quotidiana, as suas rotinas e também com o mundo do trabalho. A festa faz parte do “lazer”, onde as classes populares ingressam de forma intensa quando passam a ter direito ao “ócio”, privilégio que era desfrutado apenas pelas classes mais abastadas da sociedade.
O fato é que, o carnaval por ser uma festa pagã também é tida pelo povo como uma “festa da desordem”, e José Marques de Melo, pontua com um trecho de Da Matta, esse fato:

“Penso que o carnaval é basicamente uma inversão do mundo. (...) Nele, conforme sabemos, trocamos a noite pelo dia, ou, o que é ainda mais inverossímil: fazemos uma noite em pleno dia, substituindo movimentos da rotina diária pela dança e pelas harmonias dos movimentos coletivos que desfilam num conjunto ritmado, como uma coletividade indestrutível e corporificada na música e no canto. (...) Carnaval, pois, é uma inversão porque é competição numa sociedade marcada pela hierarquia. É movimento numa sociedade que tem horror à mobilidade, sobretudo à mobilidade que permite trocar efetivamente de posição social. É exibição numa ordem social marcada pelo falso recato de “quem conhece o seu lugar” - algo sempre usado para o mais forte controlar o mais fraco em todas as situações (Da Matta, 1984: 74-78)”.

Ao fazer um balanço das festas brasileiras no final do século XX, Alceu Maynard Araújo argumentou que muitas tradições que aqui chegaram vindas na bagagem cultural dos colonizadores foram esquecidas pelo tempo.

“Muitas festas desapareceram, outras estão desaparecendo; entretanto das novas culturas, algumas estão voltando e não são apenas nas festas de produção como vinho, o trigo, a laranja, a maçã, etc., mas também aquelas que rememoram e existiam na terra de onde elas se originaram”.

As festas brasileiras apesar dessa renovação como espaço típico de lazer, preserva sua natureza diversificada e ao mesmo tempo permanece híbridamente fincada em suas raízes populares.

02.02 - Origem do Carnaval no Mundo e na Europa

Ao iniciar a pesquisa sobre a origem do carnaval, o pesquisador se depara com uma indagação: como terá surgido essa festa que hoje é comemorada em quase todas as partes do mundo?


É nas páginas do livro, “As festas populares na expansão do turismo, a experiência italiana”, de Maria Nazareth Ferreira, que descobrimos que o carnaval nasceu de antigos rituais romanos, cuja origem está na Saturnalia, uma celebração em homenagem a Saturno e que fora praticada desde o séc. V a.C., pois o templo de Saturno, existente em Roma, data de 497 a.C. A prática desta festa era reviver rituais antigos, e os dias de festas eram comemorados entre os dias 17 e 23 de dezembro, onde além destes dias, havia mais seis dias de feriados, quando a justiça então ficava proibida de prender, julgar ou executar prisioneiros.

“A parte sagrada da festa compreendia um conjunto de rituais celebrados no Templo di Saturno, seguido de um banquete sagrado, durante o qual se trocavam estatuetas de cera (sigilia), de grande significado ritualístico, além de outros presentes. Em cada comunidade elegia-se o Rex Saturnaliorum que, após o ritual sagrado, deveria organizar divertimentos, danças, jogos de azar e todas as atividades que eram rigorosamente proibidas durante todo o ano”. (página 28)

Como se percebe nestas linhas, o Rex Saturnaliorum, eleito em cada comunidade e que tinha o dever de organizar os divertimentos e as festas, seria o que hoje conhecemos como o Rei Momo, que tem a obrigação de participar e organizar todas as festas e bailes de carnaval, mas que ultimamente, tem sido apenas uma figura folclórica com um poder fictício.
Além disso, os dados contidos no livro informam também que,

“Durante as festividades das Saturnalia as relações sociais eram subvertidas: os escravos zombavam dos senhores e eram por estes servidos; os homens livres exerciam funções próprias da aristocracia, reatualizando assim o tempo mítico da origem – a áurea aestas”. (página 28).

Com este detalhe podemos compreender porque que no carnaval as pessoas invertem os fatores e as classes sociais, como nas fantasias em que escravos se fantasiam de reis e rainhas, e os senhores e autoridades são caricaturizados por pessoas do povo que não detinham poder nenhum como forma de protestar e manifestar os seus desejos de alcance da pirâmide social, e também quando os homens se vestem de mulher, e as mulheres se fantasiam de homens.
Ainda nas páginas do livro, é necessário destacar que Saturno possuía uma forte ligação com a terra e a agricultura, e quando os reis de Roma, Numa Pompílio e Sérvio Túlio, reformaram a religião romana juntaram em uma mesma época todas as cerimônias e rituais dedicados a terra e que eram celebradas no solstício de inverno, que na Europa ocorria entre os dias 17 a 25 de dezembro, dependendo do ciclo solar de cada ano, e cuja festa das Saturnalia, também era considerada como uma festa de expiação.
E é através destas linhas que compreendemos certas modificações que foram realizadas através dos tempos, quando a Igreja assume e continua a controlar os festejos como vimos até hoje, nos carnavais cariocas, onde escolas de samba são proibidas de mostrar determinadas alegorias, de caráter religioso.

“As Saturnalia eram rituais sagrados, os quais eram impregnados da experiência cotidiana dos antigos romanos. Sua transmutação em festa carnavalesca, nos primeiros tempos, está apenas no nome, pois continuou sendo praticada da mesma forma. O carnaval pré-cristão acompanhava com os seus rituais a passagem do Ano Velho para o Ano Novo. Era uma festa de confraternização, de bom augúrio para as colheitas e para o Ano Novo que se iniciava. Era considerado por Catulo a época dos mais belos dias do ano, a época de acender as candelas de cera para aquecer simbolicamente o sol, que começava a se esfriar no céu.
Por outro lado, sua sedimentação na cotidianidade dos povos antigos era tão forte que, quando se formou a fé cristã, a nova Igreja acabou por assumir o seu controle, enquadrando-o no seu calendário litúrgico, antecedendo à Quaresma, que passou a funcionar como penitência. Nos primeiros tempos, o carnaval começava em 26 de dezembro, mas a Igreja transferiu seu início, segundo cada local para de 6 a 17 de janeiro. Para instrumentalizar a forte presença da idéia de purificação presente na população desde tempos imemoriais, a Igreja mudou o Carnaval e a Quaresma para o mês de fevereiro. Nos tempos antigos o mês de fevereiro era exclusivamente dedicado aos rituais de purificação, como o indica o seu próprio nome: februari (significa ação de purificar). No calendário antigo, era o último mês da purificação, e assim permaneceu depois da reforma de Numa Pompilio”.

Este livro conta também que apesar dos carnavais mais faustosos terem ocorrido nos sécs. XVIII e XIX, quando assumiu proporções monumentais, há notícias de carnavais suntuosos desde o séc. XII. Maria Nazareth conta também que a primeira notícia sobre o carnaval romano data de 1141 a 1143 e era realizado no Testacio ao Monte dei Cocci, onde além das festas eram realizados jogos militares, corridas, lutas com animais e muita violência. Além do Testaccio, a festa chegava até a Piazza Navona, e o carnaval era organizado a partir da atual Via del Corso,

Via dei Corso, Itália.

... taí portanto, a referência que existe até hoje, em alguns carnavais do século passado, onde os carros eram enfeitados e desfilavam pelas ruas da cidade e eram chamados de “corsos”.

Vale destacar também que o maior reformador do carnaval foi o Papa Paulo II (1464-1492) que é considerado como o fundador do carnaval moderno, e foi justamente ele quem transformou o carnaval em ato político. Depois dele, outros Papas também tiveram participação na estruturação do carnaval, como por exemplo: o Papa Inocêncio VIII, que deu grande impulso aos jogos carnavalescos e, Alessandro VI (Borgia) (1492-1503), que autorizou o uso de máscaras nas igrejas.

Papa Giulio II

Entretanto foi com o Papa Giulio II (1503-1555) que o carnaval assumiu a condição artística e os autores dos primeiros carros alegóricos foram Bramante, Raffaello, Michelangelo e Sangallo. Nos primeiros séculos da modernidade, os desfiles carnavalescos também contavam com as figuras dos gigantes mascarados (feitos de papel), cujas figuras baseavam-se nos mitos e divindades dos cultos antigos, e atualmente em alguns lugares do Brasil são caracterizados por homens, mulheres e animais,

Galo da Madrugada e Bacalhau do Batata.


... como o “Galo da Madrugada”, Recife, PE; “Bacalhau do Batata”, Olinda, PE; “Boneco Batoré”; “O Homem da Meia-Noite”, Olinda, PE; a “Boneca do Valdir”, São João da Barra, RJ; “Boneco do Bambu”; e o “Pega Veado”, Campos, RJ, etc.
Um fato que caracteriza o poder da Igreja sob a festa do carnaval e que vemos até hoje, quando a Igreja censura certos tipos de fantasias e carros alegóricos é que os primeiros carros alegóricos eram dedicados à celebração do Papado, por isso que até hoje, vemos a Igreja ostentando o seu poder diante de uma festa tida como pagã.
O único fio condutor das antigas Saturnalia com os carnavais de hoje está no mecanismo de inversão de valores das situações do cotidiano onde os poderosos são colocados na berlinda, como válvulas de escape das tensões nervosas do dia-a-dia e das humilhações sofridas pelos empregados, mas vale ressaltar que tais inversões na verdade foram financiadas pelos próprios patrões que consentiam nesses ritos.

02.03 - Das batidas do Jongo nasce o carnaval no Brasil – Rio de Janeiro






Ao fim do carnaval deste ano, muito pouco se falou a respeito de como o carnaval chegou ao Brasil, a maioria dos jornais e das revistas tratou realmente de mostrar aonde os artistas e pessoas ilustres iriam desfilar, e como estavam os preparativos da maior festa cultural brasileira, no Rio de Janeiro, apesar do carnaval já ter sido iniciado em Salvador, Bahia, com os seus trios elétricos.



Enquanto a Revista “Nossa História”, ano 1, nº 4, fevereiro 2004, publicada pela Biblioteca Nacional, em suas páginas 8 e 9, informava que o carnaval nasceu através das batidas de jongo na Serrinha, e que dariam origem a Escola de Samba Império Serrano, o jornal O Globo, em sua edição especial sobre o carnaval sequer faz menção ao jongo.
Mas é no site (
http://oglobo.globo.com/especiais/carnaval/historia_rj.asp), que pudemos conseguir algumas informações a respeito de como o carnaval chegou ao nosso país. Segundo as informações obtidas neste site, o Rio de Janeiro até meados do século passado só conhecia o carnaval sob a forma de “entrudo” (do latim “intróito”, entrada). O entrudo foi implantado a partir de 1723, quando os nativos das ilhas portuguesas da Madeira, Açores e Cabo Verde chegaram ao Brasil e se estabeleceram na costa litorânea, entre Porto Alegre e Espírito Santo. No início os foliões se divertiam jogando água uns nos outros.



O primeiro baile que se tem notícia no Rio de Janeiro, ocorreu em janeiro de 1840, quando uma loja de máscaras importou máscaras, barbas e bigodes postiços, e em, 1846 foi realizado o primeiro baile de máscaras do Rio de Janeiro. Em 1852, surgiu uma das figuras lendárias do carnaval brasileiro, o Zé Pereira, que nada mais era do que o sapateiro, José Nogueira de Azevedo que saía pelas ruas tocando bumbos e tambores, com isso, surgiu entre os moradores das favelas outros instrumentos que viriam a compor uma bateria de carnaval: as cuícas, os tamborins, os tambores e os pandeiros.
Seis anos depois do primeiro baile de máscaras, em 1852, é que surgiram os primeiros clubes carnavalescos, chamados de “Grandes Sociedades”, mas que além de estarem ligadas ao carnaval também estavam ligadas aos movimentos cívicos. E assim foram surgindo diversos grupos carnavalescos cujo objetivo era sair às ruas da cidade com mascarados e blocos fantasiados, bem ao estilo europeu.
Dos antigos cordões é que nasceram as escolas de samba que hoje conhecemos. O primeiro desfile extra-oficial de escolas de samba, foi vencido pela Mangueira, em 1932. Mas o primeiro desfile oficial ocorreu em 1935, na Praça Onze e foi vencido pela “Vai como Pode”, que viria a dar origem a tradicional Portela. Mas é importante destacar que a primeira escola de samba do Rio de Janeiro foi a “Deixa Falar”, que foi fundada em 1928, no bairro do Estácio, e que veio a modificar o seu nome homenageando o bairro onde foi criada. O primeiro desfile em que foram cobrados ingressos aconteceu no carnaval de 1963, na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro. Em 1984 os desfiles foram levados para a Avenida Marquês de Sapucaí, onde se ergue a Passarela Professor Darcy Ribeiro, e conhecida popularmente como Sambódromo.

02.04 - A linguagem da bateria


Sem bateria não há samba, portanto não há carnaval. Não há festa, sem as batidas do surdo, repique, chocalho, cuíca, agogô, reco-reco, pandeiro, prato e o tamborim, além de outros instrumentos.
Bem como em outros grupos de música, onde há vários instrumentos, a bateria de uma escola de samba, usa o conjunto de instrumentos para marcar o samba e é através das marcações e dos sons de cada um dos instrumentos que os compositores de uma escola de samba, criam os sambas-enredo, que dependendo da qualidade e da facilidade de comunicação com o público, este reage memorizando o samba e cantando na avenida.
E foi no site oficial do Grêmio Recreativo Escola de Samba União da Ilha do Governador (http://carsaniga.sites.uol.com.br/carnaval2004/sambas.asp), que pesquisamos e obtivemos um relato de como a bateria de uma escola de samba se comporta na avenida.

02.05 - As definições de uma bateria

A bateria é o coração de uma escola de samba. É nela que o samba pulsa, na batida do surdo, anima os foliões, espectadores e toda a avenida. Quando o puxador de uma escola solta o grito de guerra e começa a cantar o samba, tanto os componentes da escola bem como o público em geral se agitam, mas é quando soa o repique e a bateria começa a tocar que a festa começa, é carnaval.
Em geral uma bateria de escola de samba chega a ter 300 componentes, mas conforme a obrigatoriedade do regulamento ela não pode se apresentar com menos de 200 ritmistas. A bateria é dividida pelos diversos naipes de instrumentos.
Até algum tempo atrás os mestres de bateria tinham o costume de colocar os instrumentos mais pesados atrás e os mais leves na frente. Hoje, as baterias das escolas já apresentam outros tipos de formação, como fileiras de instrumentos nas laterais e outros no centro. Cada bateria tem seu diretor principal (o chamado mestre de bateria), e outros diretores que o auxiliam no comando dos ritmistas, em número que varia de 5 a 10. No desfile cada um dos diretores se posiciona ao longo da ala e comandam o seu setor. O único instrumento que possui diretor específico é o naipe de tamborins.
Para manter o andamento e a cadencia do samba, o puxador tem sempre ao seu lado um cavaquinho e eventualmente um violão de sete cordas. Mas esses instrumentos só aparecem junto do carro de som e não fazem parte da bateria. Além disso, os instrumentos de sopro são proibidos nos desfiles.

02.06 - Os instrumentos de uma bateria


No site da G. R. E. S. União da Ilha do Governador encontramos uma descrição de como se comporta cada instrumento, bem como a sua função na bateria da escola,

O Surdo


Surdo de primeira - É o maior surdo e o que dá o andamento principal ao samba, servindo como base. Os puxadores se guiam por ele para não acelerar ou desacelerar o canto do samba. Em geral, há um surdo de primeira junto aos puxadores, como guia. Tem uma afinação mais forte e mais aguda do que a dos surdos de resposta.
Surdo de segunda - É a resposta ao surdo de primeira. Serve como sustentação para o samba no momento em que o surdo de primeira está 'parado', sendo um contraponto.Surdo de terceira - Aparece entre os outros dois (um pouco antes do surdo de segunda). Serve para dar um molho especial à cadência, quebrando a dureza dos outros surdos e dando um balanço à marcação. A batida varia de escola para escola, pois cada uma utiliza um tempo de corte.

A Caixa

Caixa de guerra - É o que dá o som característico ao samba. Só com o som da caixa já se pode identificar uma escola de samba. É sempre tocado com duas baquetas, e tem duas cordas sobre o 'couro' que dão uma afinação diferente. Marca o andamento, mas permite floreios que não ocorrem nos surdos. A forma como se toca uma caixa varia também de escola para escola: algumas utilizam o instrumento embaixo, na altura da cintura, tocando normalmente com as duas mãos; outras põem a caixa 'em cima', utilizando uma mão como apoio e a outra livre. O tarol é uma caixa de guerra mais fina. O som é muito semelhante, e o tarol, em tamanho, equivale a 'meia caixa'.

O Repique



É uma resposta à caixa. É bastante utilizado nas paradinhas e nas viradas do samba, como 'senha' para a volta dos demais instrumentos. Antigamente, utilizava-se predominantemente o repique nas paradinhas. Hoje, já admite-se o uso de chocalhos, tamborins e outros, enquanto o resto da bateria silencia.

O Chocalho


É formado por várias fileiras de 'chapinhas'. Há chocalhos com duas, três, quatro, cinco e até seis fileiras. Não há uma grande diferença no som dos chocalhos devido ao número de fileiras (mas uma maior quantidade de fileiras produz um som mais forte). Esse instrumento aparece mais nos refrões, e fica passagens inteiras do samba sem ser tocado. O chocalho ajuda a caixa a dar o suingue do samba, mas é mais leve.

O Tamborim


É um dos instrumentos mais importantes, já que faz todo o desenho do samba. Enquanto os surdos e a caixa fazem uma marcação contínua, o tamborim faz diferentes bossas no samba. Sua baqueta pode ter ponta única ou múltipla, o que produz sons diferentes. Por sua importância dentro da bateria, o naipe de tamborins costuma ter diretores específicos para ele.

A Cuíca

O som da cuíca é produzido através de uma pequena haste que fica em seu interior, que puxa um estimadíssimo couro que reveste o instrumento. Seu andamento é dependente da marcação dos surdos, que são seguidos pela cuíca. As cornetas e outros apetrechos que aparecem em algumas cuícas na Avenida são meramente decorativas.

O Agogô

Tem um dos sons mais agudos da bateria. A bateria do Império Serrano é famosa por privilegiar seu naipe de agogôs, o que acabou por se tornar uma das maiores marcas da escola. Em 2001, serão mais de 50 agogôs na bateria da verde-e-branco de Madureira.

O Reco-Reco


Formado por uma haste e um pedaço de madeira (ou metal), seu som é produzido pelo atrito entre essas partes. Algumas baterias já não têm mais reco-recos entre seus ritmistas, mas muitas ainda mantêm esse instrumento. O instrumento observado à esquerda é feito de metal, assim como sua vareta.

Pandeiro - Dá um ritmo característico ao samba, mas tem um som pouco audível no conjunto da bateria. Por isso, muitas escolas aboliram o pandeiro de suas baterias. É usado como 'alegoria' por muitos ritmistas, que o tocam para as mulatas sambarem e fazem coreografias.

Prato - Outro instrumento utilizado basicamente como 'alegoria' pelos ritmistas. Em geral, as escolas têm uma ou duas pessoas com o prato, à frente da bateria, sambando e fazendo malabarismos com os pratos. O som, produzido pela batida de um prato no outro, é bastante forte.

02.07 - Personagens

As Baianas


Um dos personagens presentes em todas as escolas de samba é a Ala das Baianas. Ali a idade não conta, dos 36 aos 75 anos ou mais, as baianas com seus vestidos de saia rodada desfilam esbanjando simpatia, amor, carinho e muita alegria pela sua escola.
Elas são abnegadas, disciplinadas, e evoluem no compasso do samba autêntico. As suas coreografias perfeitas dão um toque de beleza ao desfile.
As baianas em sua maioria são mulheres que prestam inestimáveis serviços tanto à comunidade como a escola que defendem, tanto que, quando uma escola é convidada a se apresentar em outros eventos elas são logo lembradas.

Os Compositores

Se o samba é considerado como o hino de uma escola, sem os compositores não há samba. Essa Ala é composta em sua maioria por autênticos sambistas, poetas natos, que com sua genialidade e a arte de fazer rimas constroem os sambas-enredo que a escola leva para a avenida.
Fazer um samba-enredo não é fácil, sua construção e elaboração depende de alguns fatores como a pesquisa, concentração de memória, diante da sinopse apresentada pelo carnavalesco e cujo tema obriga o compositor a um trabalho profundo. Além disso, o compositor também precisa ter cuidado, sagacidade, inteligência, veia-poética, saber fazer rimas, ter genialidade individual ou com os outros componentes da Ala, onde acaba criando verdadeiras obras de arte, que passa a ser o hino de uma escola na avenida. E se o samba é bom, bonito e dá prazer, o povo canta.
Pela sua linha melódica, balanço, cadência do samba de grande efeito, é que surgiram diversos sambas-enredo que são cantados até hoje.

02.08 - O Carnaval em Campos


A festa popular e as brincadeiras pagãs que antecediam o início da Quaresma também eram praticadas na planície goitacá, mas até meados do século XIX, essa festa era comemorada na forma do “entrudo”. Como os foliões sempre usavam da violência ao iniciar as batalhas com baldes d´água e farinha de trigo e terminavam com o mau gosto das latas de urina, o presidente da Câmara Municipal, Barão de Carapebus, em 1851, decidiu tomar uma providência enérgica para acabar com o desrespeito. Baixou então um edital proibindo o “entrudo”. O edital além de proibir a prática grosseira e nociva, cominava penas de seis dias de prisão e 12$000 de multa, substituída por 50 açoites no pelourinho. O edital possuía quatro artigos longos e detalhados, mas que nunca foram respeitados. Mesmo assim, a situação melhorou, e os antigos baldes d´água com farinha foram substituídos pelos limões de cheiro, tido como um projétil mais amável e cordial.


Desse modo, 15 dias antes do carnaval iniciar, começava a fabricação dos limões que eram feitos de água perfumada, e eram vendidos em tabuleiros por escravos, ou em casas comerciais como a do Vieira Bellido que anunciou a venda dos tais limões pela última vez em 1892, no entanto, os limões ainda persistiram por mais alguns anos.
Os limões eram feitos de cera em diferentes cores e tamanhos, borracha muito fina, cheia de água perfumada. Depois surgiram as bisnagas feitas de folhas de lata, espirrando cheiros bons.
Até que em 1896, Arthur Rockert, introduz o “biógrafo” (cinema) em Campos, e lança finalmente as confetes e serpentinas, enfeitando de uma vez o carnaval campista.
Apesar disso, vale ressaltar que os primeiros desfiles de carruagem ocorreram em 1857, quando existiam em Campos 157 carruagens. Além disso, os desfiles também eram feitos a pé, à cavalo ou carrinhos.
O primeiro desfile carnavalesco foi organizado pela “Sociedade Congresso Carnavalesco”, cuja sede localizava-se na rua do Sacramento (Lacerda Sobrinho). O desfile constou de carro alegórico reproduzindo antigas “saturnais”, música e guarda de honra a cavalo, levando “bouquês” que eram oferecidas as damas.
Depois disso, surgiram outros clubes como “Clube Zenith Carnavalesco”, em 1869. Em 1870, surgiu a “Sociedade Az de Copas”, que marcou e provocou um escândalo porque os homens saíram fantasiados de mulher. Apesar do espanto, quem ganhou a Palma pela vitória foi a “Sociedade Incógnita X”.
No decorrer do tempo, surgiram outras sociedades como, “Sociedade Commercial e Artística”, em 1870; “Club Carnavalesco Bamboche”, em 1871; “Club Estréa Campista”, em 1872.
Em 18 de março de 1877, foi fundado o “Club Neptuno”, que levantou o carnaval campista e cujo desfile foi marcado pela introdução de alegorias. Esse clube encerrou suas atividades 10 anos depois, em 1887.
O “Club Indiano Goytacaz”, surgiu em 1876; no dia 22 de abril de 1877 surgia o “Club Conspiradores Progressistas” que existiu até 1879. Em 14 de março de 1883, surgia o “Club Diabólico Carnavalesco”, cuja sede localizava-se no prédio nº 18 da Rua da Constituição.
No ano de 1884, foi realizado o maior carnaval de Campos com a presença dos clubes “Indiano”, “Macarroni”, “Plutão”, “Neptuno”, “Índio Negro”, “Cacetes”, “Caras Duras”, “Tenentes do Diabo” e “Progressista”. O “Club Tenentes de Plutão, surgiu em 13 de janeiro desse mesmo ano.
De todos os clubes carnavalescos campistas o mais antigo e que até hoje abrilhanta o carnaval campista é o “Club Macarroni”, que foi fundado em 1870 e atravessou inúmeras gerações de foliões até os nossos dias. Esse clube também entrou para a história do carnaval campista quando em 1875 exibiu-se pela primeira vez com carros puxados a boi.
A rivalidade entre os Clubes Macarroni e Plutão chegou a entrar para a história do carnaval campista. Bem como o fato de que, em 1891, o Plutão teve um carro apreendido pelo delegado de polícia porque continha ofensas grosseiras ao governador Francisco Portela, o homem da luz elétrica em Campos.
Já no novo século, em 1910 um grupo de garotos fundou o clube “Os Avançadores”, que logo foram precedidos pelo clube “Os Intransigentes”.
Foi no início do século XX que surgiram os primeiros cordões (de índios), os blocos e os ranchos, além de outros grandes clubes. O primeiro cordão que marcou presença no carnaval campista foi o “Estrela de Ouro”, fundado em 1917. Logo depois surgiria a “Lira Brasileira”, que viria a ser o seu ferrenho rival.
Ainda na mesma época surgiram outros cordões como os “Filhos do Sol”, o “Neto do Vulcano”, “Pena de Ouro”, o “Guerreiro Brasileiro”, etc.
Depois disso, Campos viveu a época dos ranchos e dos blocos. Para as mulheres que desejavam curtir o carnaval só lhes restava os ranchos, pois nos blocos elas não entravam. Entre os blocos mais famosos que existiram em Campos, podemos destacar o “Corbeille”, o “Recreio das Flores”, o “Prazer das Morenas”, o “Felisminda Minha Nega”, o “Flor de Abacate” e “As Magnolias”, cujo ritmo iria enxotar de uma vez o compasso binário dos blocos e ranchos. E por último o mais famoso de todos os blocos campistas, o “Pega Veado”.
Para Hervê Salgado Rodrigues, autor do livro “Campos – Na Taba dos Goytacazes”, a fase áurea do carnaval campista ocorreu entre os anos de 1920 e 1950.
Com tudo isso ainda surgiram outros blocos esportivos como o “Mana na Burra”, do Goytacaz”; o “Mosqueteiros da Baixada”, do Americano; o “Pé no Fundo”, do Rio Branco e o “Pendura a Saia”, de estudantes campistas.

Não se sabe em que ano, mas a verdade é que o livro “Campos – Na Taba dos Goytacazes” de Hervê Salgado Rodrigues informa que nas tardes de carnaval, os mascarados começavam o desfile por volta das 14 horas. Eram figuras humorísticas, belos dominós com guizos e arminho nos punhos e nas golas ursos e bois pintadinhos. Depois quase à tardinha, vinha os corsos. A população então vinha pra o centro para assistir ao desfile e participar dos desfiles e das guerras com os populares limões de cheiro.
Vale ressaltar que na história do carnaval campista houve diversos grupos carnavalescos, que por medida de espaço iremos citar apenas os seus tipos e os grupos a que pertenciam.

Clubes
Sociedade Congresso Carnavalesco (1869), Clube Zenith Carnavalesco (1869), Sociedade Incógnita X (1869), Sociedade Az de Copas (1870), Clube Macarroni (1870), Sociedade Commercial e Artística (1870), Club Carnavalesco Bamboche (1871), Club Estréa Campista (1872), Club Indiano Goytacaz (6/agosto/1876), Club Conspiradores Progressitas (1877), Club Netuno (março/1877), Os Democráticos (1882), Club da Concha (1882), Caboclos Negros (1882), Clube Tenentes de Plutão (13/janeiro/1884), Índio Negro (1884), Cacetes (1884), Caras Duras (1884), Tenentes do Diabo (1884), Progressistas (1884), Os Avançadores (1910) e Os Intransigentes (1910).

Cordão
Estrela de Ouro (1917), Lira Brasileira (1917), Benta Pereira, Caçadores das Montanhas, Desenrola Mamãe, Filhos da Sereia, Filhos do Sol, Guerreiro Brasileiro, Herói Brasileiro, Neto de Vulcano, Pena de Ouro, Pena Dourada, Selvagens do Brasil, Sol Brilhante, Temor do Norte, Terror da Zona e Triunfo das Cores.

Ranchos
Apaixonados da Coroa, As Andorinhas, As Magnólias (Bacu), Chuveiro de Prata, Corbeille das Flores, Felisminda Minha Nega, Flor de Abacate (Guarus), Paz e Amor, Perfume das Flores, Prazer das Morenas, Recreio das Flores, Recreio das Flores, Sereia do Norte e União Gonçalense.

Blocos de Embalo ou Blocos Avulsos
Acadêmico de Direito e Comércio, Acadêmicos da Barra Limpa, Alambique de Barro, Apaixonados das Morenas, Apaixonados do Norte, Barra Limpa, Bumba-meu-Boi, Caprichosos de Guarus, Chuva de Ouro, Coração das Morenas, Corações Unidos, Deixa que eu Chuto, Família Conchambrança, Flor de Maio, Geme que Tem, Gemer Não Faz Mal, Império da Folia, Jardim Carioca, Jaú do Norte, Juventude da Baleeira, Lourinha da Lapa, Macumba na Cidade, Mama na Burra, Mastiga Mas Não Engole, Mosqueteiros da Baixada, Nós Viemos da Macumba, Nova Brasília, O Lampião, Os Anjinhos, Os Corujas, Os Fiteiros, Os Psicodélicos, Os Vagalumes, Pagode Redondo, Pé no Fundo, Pega Veado, Pendura a Saia, Pingo de Ouro, Prazer das Morenas, Primeiro Nós, Quem Não Viu Vem Ver, Quem Sabe Não Diz, Rouxinol da Lapa, Santa Cruz, Só Entra Quem Pode, Teimoso do IPS, Tradição da Lapa, União Feliz, Unidos de Cambaíba, Unidos do Capão, Unidos do Eldorado, Unidos do Fundão, Vai Quebrar, Vai-Vai e Você me Acaba.

Blocos de Salão
Os Caveiras.

Boi Pintadinho


Boi Brasil, Boi Capeta, Boi Chicão, Boi Chifrudo, Boi Deita e Rola, Boi Falangem, Boi Fumaça, Boi Jaguar, Boi K-Vaca (depois Boi Barrão), Boi Montanha, Boi Pimenta, Boi Travolta e Boi Trovão.

Blocos de Samba
Baba de Gato, Cacique da Pecuária, Cacique de São Caetano, Canarinhos de Guarus, Dengoso de Nova Brasília, Em Cima da Hora, Os Psicodélicos, Os Queridinhos, Só Come Dois, Unidos da Celf, Unidos de São José, Unidos do Parque Lebret e Unidos Para Sempre (antigo Conchambrança).

Batucada


Bando da Lua, Coroa em Samba, Cruzeiro do Sul, Da Famosa Esmeralda.Embaixada do Catete, Embaixada do Salgueiro, Estácio de Sá, O Cruzeiro, Progresso do Queimado, Sol Raiando, Sorriso do Norte, União do Sapê, Unidos da Tijuca (depois mudou para Unidos da Coroa) e Unidos de Santana.

Escolas de Samba


Amigos da Farra, Ás de Ouro, Companheiros Unidos de Guarus, Cruzeiro e Unidos da Coroa, Escola de Samba Madureira, Império do Samba, Mocidade Louca, Onça no Samba,
Os Independentes, Progresso do Norte, Sorriso do Norte, União da Esperança, Unidos da Coroa, Unidos de Cambaíba, Unidos de Ururaí e Ururau da Lapa.

02.09 - As escolas de samba

Apesar de haver tantos livros contando a história de fatos do município, alguns autores ao escreverem seus livros esqueceram da importância que um livro e um registro histórico tem para a posteridade. Tanto que um dos fatos marcantes da história do carnaval campista não possui nenhum registro com datas para que os novos pesquisadores situem a importância deste evento, como é o caso do surgimento do samba em Campos.



No livro “Na taba dos Goytacazes”, o autor e jornalista, Hervê Salgado Rodrigues, compara a casa da “Tia Ciata”, mulata líder dos boêmios e malandros cariocas, com a Sinhá Chica, lavadeira campista, que morava no centro.

“Não há ninguém que não saiba que o samba praticamente nasceu na casa de “Tia Ciata”, velha mulata, líder de boêmios e malandros. Pelo menos foi composto lá o primeiro samba que foi gravado, o “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida. A casa da Tia Ciata era o reduto dos sambistas, deles todos. Pois aqui também tivemos uma réplica da “Tia Ciata”. Era a “Sinhá Chica”, só que a casa dela não era reduto de samba, pois este não havia chegado a Campos. Ela morava na rua Boa Morte, era lavadeira, e sua casa acolhia os boêmios e era a dos ranchos, compasso binário, de dois tempos. “Sinhá Chica” era presidente e praticamente dona do “Corbeille das Flores” e avó de Wilson Batista, famoso compositor conterrâneo nosso, aquele da famosa polêmica em samba com Noel Rosa. (...) Estávamos ainda muito longe das escolas de samba, cujo ritmo quente iria enxotar para sempre o compasso binário dos blocos e ranchos...”.

Somente depois da metade do século XX, mais precisamente por volta de 1965, é que surgem as primeiras escolas de samba de Campos. Elas surgiram inicialmente usando os mesmos nomes das escolas de samba do Rio de Janeiro, como, “Salgueiro, Madureira, Unidos da Tijuca e Bando da Luz. Até que, finalmente resolveram trocar de nome daí surgindo os “Amigos da Farra”, a “Mocidade Louca”, “União da Esperança”, “Ururau da Lapa”, “Independente”, etc.

02.10 - Um pouco da história de cada escola

A. A. C. MOCIDADE LOUCA

Dentre as escolas de samba atuais, a Mocidade Louca é a mais antiga, pois foi fundada em 8 de dezembro de 1952. A tricolor (azul, vermelho e branco) do Morrinho, é a que mais ganhou títulos, sendo 9 consecutivos entre as décadas de 50 e 60, e seu último título foi em 1981. Tendo como presidente atual João Damásio, esta escola foi fundada por Jorge da Paz Almeida, um carnavalesco cuja história de vida já entrou para o folclore da cidade e do carnaval campista. Nesse carnaval de 2004, a Mocidade Louca desfilou com 700 componentes e além do samba ter sido puxado por Graco Abreu, Baianinho e Sônia defenderam o estandarte da agremiação na avenida como mestre-sala e porta-bandeira.

G. R. E. S. UNIÃO DA ESPERANÇA

A popular verde-rosa de Custodópolis, foi fundada em 14 de agosto de 1958 e ganhou diversos títulos entre as décadas de 80 e 90 (1984, 1988, 1990, 1992, 1993, 1994, 1998, 1999), fora os títulos das décadas anteriores. No último carnaval, a escola desfilou com pouco mais de 1.200 componentes. Os mestre-sala e porta-bandeira, Salvador e Eliane, tiveram a incumbência de defender as cores da União da Esperança na avenida, cujo samba foi puxado por Jorge Badan. Essa escola cuja presidenta é Eliane Santana, passou em 86 por um problema inusitado, ao saber que um dos seus carros estava quebrado, e poderia perder pontos, o puxador da escola levou 4h30min cantando o samba na avenida, para que o carro fosse consertado e a escola pudesse desfilar completa.

G. R. B. S. OS INDEPENDENTES

Fundada em 8 de dezembro de 1958, Os Independentes, cujas cores também são o azul vermelho e branco, teve como primeiro presidente, Anésio Francisco Jorge e atualmente é presidida pelo radialista, Ricardo Silva, um profundo estudioso da história do carnaval campista. A escola apesar de não possui nenhum título, entrou na avenida com 480 componentes que foram animados pelo puxador de samba Marquinhos Sá. A escola teve como mestre-sala e porta-bandeira, Careca e Sueli, que tiveram a honra de carregar o pavilhão dessa escola, que em 86, foi a única escola que desfilou dentro do horário estipulado.

G. R. E. S. URURAU DA LAPA

Essa escola cujo nome é uma homenagem a lenda campista, do jacaré-do-papo-amarelo, que engoliu um sino de ouro e vivia no Rio Paraíba, nas proximidades da Lapa, detém o título de ser uma das maiores campeãs do carnaval campista, desde a época em que não passava de um simples bloco. A vermelho e branco da Lapa, fundada em 21 de janeiro de 1979 e conquistou os títulos de 83 e 84, os últimos como bloco de samba. Em 1985, a agremiação passou a ser uma escola de samba e desde então conquistou os títulos de 1985, 86, 87, 88, 90, 91, 92, 95, 96, 98, 2002, 2003 e 2004. O primeiro presidente foi Demica e atualmente é presidida por Jaime Pessanha, filho de um dos maiores compositores da escola, Waldo Pessanha, que faleceu poucas semanas antes do desfile desse ano. Apesar da tristeza Niniu teve a incumbência de animar e puxar o samba-enredo da escola para os seus 1.000 componentes, e conseguiu conquistar o título desse ano. A Ururau da Lapa, é a única escola de samba que consegue agregar pessoas da alta sociedade e fazer com que elas participem, desfilem e convivam com a comunidade da Lapa, onde está a sua sede.

G. R. E. S. ÁS DE OURO

Fundada em 25 de março de 1983, a Ás de Ouro, cujas cores são preto, amarelo e vermelho, cujo presidente Dalton Gomes, é o mesmo desde a sua fundação, disputava as últimas colocações até 2001. Depois que foi campeã em 2001, vem colecionando títulos e mais títulos, como os de 2001, 2002, 2003 e 2004.
Nesse último carnaval, a escola entrou na avenida com pouco mais de 900 componentes. A escola cuja sede fica no Turf-Club, teve como puxador de samba, Vado do Pagode, e cujos mestre-sala e porta-bandeira, vieram do Rio de Janeiro.

ACADEMIA DE RITMOS ONÇA NO SAMBA

A Academia de Ritmos Onça no Samba foi fundada em 15 de janeiro de 1986, e como não ganhava títulos os seus componentes foram saindo e indo para outras agremiações. Quando o bloco já estava quase acabando, a sua diretoria resolveu transforma-la em escola de samba e já no primeiro desfile, conquistou o vice-campeonato, depois disso essa escola veio alternando com desfiles cheios de altos e baixos. Os seus únicos títulos foram conquistados em 2000, 2001 e 2003. E a exemplo da Ás de Ouro, o seu presidente é o mesmo desde a época de sua fundação, Amaro Roberto da Hora, que colocou na avenida 1.000 componentes para defender as cores, preto, amarelo e vermelho, dessa escola do Caju.

G. R. E. S. UNIDOS DE URURAÍ

Uma das poucas escolas de samba distritais que ainda preservam a tradição do carnaval, na zona rural de Campos, a Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Ururaí, foi fundada em 27 de fevereiro de 1988 e possui as cores verde e branco. Fundada através de uma junta que assumiu a direção da escola, como Cacau. Essa escola tem como presidente Sérgio da Silva Carvalho que fez questão de levar a escola para a avenida com 650 componentes, e tendo Jorge Badan como puxador de samba.

02.11 - Do samba de protesto ao marketing político

Do entrudo as escolas de samba, a história do carnaval campista passou por diversos períodos e etapas até chegar aos nossos dias. Foram inúmeros tipos de associações, bem como uma infinidade de grupos e associações que evoluíram através dos tempos, acompanhando a evolução dessa festa que teve origem nas Saturnalia.
Ao pesquisar a história do carnaval campista um fato chama a atenção do pesquisador, a ausência do registro histórico, uma data para comprovar os fatos e registrar para a posteridade fatos marcantes que poderiam dar àqueles que vivenciaram o carnaval, o pioneirismo dos seus atos.
O povo de Campos viu passar pelas suas ruas e avenidas, diversas sociedades carnavalescas, bem como cordões, ranchos, blocos de samba, de embalo, bois pintadinhos e as atuais escolas de samba.
Contar em detalhes a história de cada grupo através das décadas do século passado não é o objetivo deste trabalho de pesquisa, mas apenas para efeito de registro, o pesquisador dá um salto no tempo, e mostra em algumas pinceladas esses grupos que também fizeram história até chegarmos finalmente nas escolas de samba, objetivo maior dessa pesquisa.
O que se sabe até aqui, é que as letras dos sambas sempre tiveram como tema a crítica aos fatos acontecidos em determinados períodos. Estas músicas foram muito utilizadas quando o carnaval ainda vivia sob a época dos cordões carnavalescos onde cada escola resolvia criar um samba para provocar também a ira de outras escolas e para gabar-se da sua. Como foi contado por Jorge da Paz Almeida, conhecido como Jorge Chinês, em seu livro, “Campos: 50 anos de carnaval”.


“...Mas, a partir do momento em que era dado o grito de guerra, começava o negócio. Houve um ano que por motivo de força maior o Filhos do Sol não saiu, então a Lira Brasileira não fez por menos. Cantou uma marcha assim:

“A luz do Sol já perdeu o brilho
O da Estrela já se apagou
Só quem brilha é a nossa Lira
Chega Iaiá, chega ioiô”.


A resposta da Estrela veio imediatamente:

“Filhos do Sol
Nos deixou sozinhos
Pra combater com a tal da Lira
Eles disseram que nós perdemos o brilho
Porém protesto, protesto que é mentira
A bela Estrela alegre e prazenteira
Queremos ver de perto
A tal Lira Brasileira”. (bis)


Já o Terror na Zona, que oferecia inovações, também apresentava uma marcha com uns versos assim:

“Encarnado azul e branco
São cores de muito esplendor
Aqui chegou para dar exemplo
Do carnaval é o terror”.


Quinze dias depois, os Caçadores das Montanhas davam seu recado, cantando da seguinte maneira:

“Terror na Zona tem uma marcha
Que diz que ele é o exemplo
Para mostrar ao povo campista
Que bonito é o Terror
Terror na Zona se esqueceu
Ou então se enganou
Que aqui em Campos ainda existe
Da Montanha o Caçador”.


Depois com o surgimento das associações de classe as escolas de samba passaram a utilizar temas relativos a história do Brasil e do mundo, apesar disso uma vez ou outra uma escola de samba criava um samba para provocar a rivalidade contra as outras escolas. Como conta Jorge da Paz Almeida em seu livro:

“... As divergências entre escolas eram por zonas, havia uma rivalidade grande entre Sorriso e Mangueira em Guarulhos e, do lado de cá, Salgueiro e Catete e ainda Coroa em Samba e Cruzeiro que será lembrada por muito tempo.
Coroa em Samba começava seus ensaios logo após a Semana Santa, não só ensaiava como fazia passeata pelo bairro. Naturalmente, haviam os que não gostavam de samba fora de época, mas como a turma era conhecida ninguém se queixava. Um dia a cavalaria apareceu e interrompeu a passeata, dando uma carreira nos batuqueiros. O Cruzeiro não fez por menos, lançou um samba:


“Até que chegou o dia
Batendo noite e dia
Chegou o que o Cruzeiro queria
Ver a Coroa correndo no meio da cavalaria”.


Houve na época muitas brigas por causa deste samba. A resposta não veio em outro samba, mas em versos. Sempre que se formava um samba o pessoal na Coroa em Samba cantava versos mais ou menos assim. De acordo com o estribilho me lembro de um que era muito cantado pelos bambas daquele bairro:

“No morro quando o sol vai despontando
Eu sou um trabalhador
Que venho descer a ladeira reclamando
Ninguém ora meu bem
Vai pro trabalho com alegria
Por causa de uma mulher me regenerei
A orgia então abandonei.”


Aí vinham logo os versos:

“Eu queria ser balaio na colheita do café
Para ficar dependurado nas cadeiras da mulher
Vai-se embora vagabundo
Quem mandou foi Zé Com Fome
Se a Coroa em Samba morrer
No bairro não tem mais homem”.


Com a chegada de novos personagens, com novas idéias, o carnaval campista começa a trocar experiências com a comunidade carnavalesca do Rio de Janeiro, e como fator para essa integração, a escola de samba Mocidade Louca foi convidada para fazer um desfile na avenida Presidente Vargas, em comemoração ao 4º Centenário da cidade do Rio de Janeiro. E esse fato é narrado por Jorge da Paz Almeida em seu livro,

“... Foi neste período que a escola foi ao Rio de Janeiro, capital do antigo Estado da Guanabara, por ocasião do quarto centenário da cidade de São Sebastião.
Apresentando o enredo Exaltação ao Estado do Rio, a escola não cantou seu samba enredo, pois levou um especial para oportunidade, que cantando na Presidente Vargas sensibilizou os cariocas, que aplaudiram de pé nas arquibancadas.


“Rio de Janeiro, parabéns pra você
Parabéns ó Rio pelo seu aniversário
Que o Senhor do alto do Corcovado
Abençoe o seu quarto centenário”.


Nos tempos coloniais
Estácio de Sá gravou seu nome na história
Suas belezas naturais marcam no presente
Seu futuro de glórias
Francisco Alves bem cantou-ô-ô
Com sua voz maravilhosa
Em versos de Assis Valente e Ari Barroso
Nos sambas típicos de Noel Rosa
A história do Rio maravilhoso


“És tão suave no calor, ardente no amor
Agradável é o seu frio
Rio dos sambas e das serenatas
Hoje é reino das mulatas
Nós te saudamos ó Rio”.


Mas, devido ao fato dessas associações não terem recursos para bancar os custos de um desfile, elas vêem no poder público uma fonte para custear a montagem de carros alegóricos, fantasias, estandartes e alegorias.
Diante dessa facilidade em obter esses recursos, as escolas então começam a vender seus espaços e seus enredos para homenagear homens públicos que construíram obras no município. Daí então, as escolas de samba passam a inverter e mudar a história, dos antigos sambas de protesto, essas escolas viram espaço de marketing para os políticos locais.
Em 2001, três escolas de samba resolveram homenagear personalidades políticas do município, como o ex-prefeito Anthony Garotinho, e o deputado estadual João Peixoto. Que foram homenageados respectivamente pelas escolas Os Psicodélicos e Unidos do Capão.


G. R. E. S. OS PSICODÉLICOS
“Quem sabe faz a hora”

(Homenagem ao Governador Anthony Garotinho)
Autores: Toninho Shita, Markinho Grande e Adalto Sepúlveda

“Nos braços de um povo
Que tanta te ama
O defensor do proletário
Um menino predestinado
Que nasceu na Lapa e acendeu a chama
Guerreiro, guardião desta planície
Junto aos amigos do Liceu de Humanidades
Na arte e na cultura, buscando novas rimas
Mudou Campos, por amor a esta cidade.

Na paixão que foi buscar, Rosinha
Ela vai perpetuar, com o seu carinho
O verdadeiro amigo das donas-de-casa Bis
De coração a coração, fala
Garotinho.


“O jovem”
O jovem triunfou
De narrador de futebol a governador
Ao lado da primeira dama
O realizador
Todo o Estado canta agora
Foi deputado estadual
Melhor prefeito do Brasil
Quem sabe faz a hora.

Ele é um rio que corre pro mar
Canta Morrinho
Que Os Psicodélicos, amor Refrão
É Garotinho”




G. R. E. S. BRUC – BLOCO RECREATIVO DE SAMBA UNIDOS DO CAPÃO
“As 1001 fases de um simples lavrador que em xeque se transformou”

Autores: Ricardo Mendonça, Luciano do Cavaco, Zé Pinto e Jorginho do Pagode.

O menino lavrador imaginou
um dia ser xeque
outras metas alcançou
mas aquele sonho de outrora
o BRUC realiza agora.

Oh meu Unidos do Capão
Veja que bela trajetória
Desse vascaíno que curte um
Choppinho
Com os amigos da velha guarda.

Força, garra e determinação
Norteiam sua vida
Com responsabilidade e confiança Bis
Conquistou a população.


O garoto operário da terra
Foi camelô, taxista, vereador,
Hoje é príncipe da Assembléia
É um vencedor!

Venham odaliscas, venham sultões,
O castelo de riquezas está em festa
Prestando homenagem na folia Refrão
A João Peixoto, esse xeque lutador.



Em 2002, os homenageados foram o vice-prefeito Geraldo Pudim, pelo Ururau da Lapa; a escola Unidos do Capão homenageou o vereador Toninho Vianna; a escola Corações Unidos homenageou o prefeito Arnaldo Vianna; e, a escola Amigos da Farra, prestou uma homenagem ao deputado estadual Paulo Albernaz.


G. R. E. S. URURAU DA LAPA
“No tabuleiro da baiana tem Pudim pra Ioiô”

Autor: Waldo Pessanha
Intérpretes: Jorginho Help, Francisco do “Chuva” e Ninil

Brilhou, brilhou, brilhou
No infinito uma estrela anunciou
Ururau vem aí, com este enredo genial Bis
Pudim, ô Pudim
A Lapa te escolher para este Carnaval


A sua história vem de glórias imortais
É berço de grandes desportistas
Americano e Goytacaz
Tem amor no coração é folião dos nossos carnavais

Pudim, Pudim, Pudim
Sua política sempre verdadeira
Nesta terra se espalhou e hasteou sua bandeira Bis
E o povo já te consagrou


Estudou no Liceu de Humanidades
Seu grande sonho é um dia ser Prefeito
Esse aluno de Direito, defensor da liberdade,
Amante dos livros de Jorge Amado Bis
Hoje nesta noite de alegria
No Ururau vem desfilar
Neste palco iluminado.


G. R. E. S. BRUC – BLOCO RECREATIVO DE SAMBA UNIDOS DO CAPÃO
“Um sonho antepassado que virou realidade – Vereador Toninho Viana”
Autores: Babal, Jefferson e Alessandra
Intérpretes: Nelbinho, Juninho e Felipe

De verde e branco
O Capão quer te ver passar Bis
Parabéns Toninho Viana
Sua história vou contar.


No Liceu de Humanidades
Onde ainda menino estudou
Seguindo os passos do seu pai
Com dignidade homem público se tornou

Campeão de votos na Baixada
Adorado por todo esse povão
Junto Arnaldo Vianna
Nossa Campos agradece
Beijo no seu coração

Torcedor do Americano
E também do famoso “mengão”
O seu “hobby” é fazer sauna
Desfilar contente no querido “Sapatão”

Roda, gira baiana
Nosso BRUC vem aí
Exaltar Toninho Viana
Nosso enredo é esse aí.

Essa semente
Essa semente criou fruto amor,
Criou sim, Senhor, ô sim Senhor Bis
Esse sonho tão sonhado do seu pai
Se realizou.



G. R. E. S. CORAÇÕES UNIDOS
“Corações Unidos – Faz a festa com Arnaldo Vianna nos braços do povo”

Autores: Wanderley Brasília, Wandreux Muniz, Demerval, Luciano do Cavaco e Rita
Intérprete: Jorginho do Pagode

Com Arnaldo Vianna eu vou
E canto com emoção (emoção)
Bate forte bateria
Levando esta canção

Na escala zodiacal
Sob o signo de Escorpião
Amigo e carinhoso
Forte como leão.

Foi estudante do Liceu
Na faculdade de Medicina se formou
Hoje olha pelos filhos seus
E por Campos que sempre amou.

Gosta do Kenneel e a pescaria é seu “hobby”
É Rio Branco e “mengão” e Carnaval
Corações Unidos de sangue novo Bis
Com Arnaldo Vianna nos braços do povo


Mas o tempo lhe compensou
Como médico o povo aplaudiu
E como político
“O Melhor Prefeito do Brasil”

Explode coração
Radiante de alegria
Sou Corações Unidos Refrão
Embalando essa folia



G. R. E. S. AMIGOS DA FARRA
“Nosso Paulo Albernaz”

Autor: Fábio Guilherme

Tem história que tem político
Tem político que faz a história
É um dom, sapiência é alegria de viver
Trilhar nos outros seu caminho sua memória

Paulo Albernaz
Hoje o passe livre é pra você
A minha escola te convida Bis
Pra essa farra
O mestre-sala
É a bandeira do saber.


No jogo da vida
Explosão de fé e amor
Goyta-Fla-Municipal
Ganha um grande torcedor
Salve os amigos
Renato, Chebabe, Virgílio e tantos
De coração hoje te homenageando
Acreditar na humanidade
É ter certeza de um dia melhor
O homem com sua capacidade
Transforma o mundo quando tem dignidade

Pra frente a vida
Eu quero é mais Bis
Igualdade social
Liberdade e paz.



Em 2003, a escola Ururau da Lapa, homenageou o empresário e vereador municipal, Manoel Alves da Costa.


G. R. E. S. URURAU DA LAPA
“Entre Mouros e Cristãos na cavalhada brinquei.
Sou filho da terra, sou da Baixada Goitacá”.

Autores: Silvia e Pé
Intérpretes: Ninil, Didi, Marquinho Sá e Fabinho do Cavaco.

Mac amigo é alegria
É vitorioso no que faz
Em sua terra aposto
Para Campos que sempre mais
Eu sou ... Sou Manoel Alves da Costa
Filho da terra e da Baixada Goitacá
Histórias de nossa terra
Os antigos me contaram
Que índios vorazes
Dominava a terra e mar
Eram donos desse chão
Antes da chegada dos 7 Capitães

As cavalhadas têm um brilho especial
Cristãos combatendo Mouros Bis
Na luta do bem contra o mal


Pai comerciante de valor
Dava notícias no local
Santo Amaro abençoou os seus ideais
Agradeço ao Índio e ao Negro
Suas crenças e memórias
Relembrar os seus costumes
É reviver nossa história

Hoje a Lapa canta em prosa
Elegante e orgulhosa – É Ururau
Folia é minha sina Bis
Carrossel de alegria – Carnaval.



Nesse ano de 2004, a homenageada foi a governadora do estado, Rosinha Matheus,

G. R. E. S. ÁS DE OURO
“Do Teatro ao Palácio Guanabara: a Rosa que faz”

Autores: Fernando Lima e Hugo Leal

Vamos exaltar
a flor mais bela, quanta sedução!
Nasceu em Itaperuna
A rosa que perfuma esta canção
Foi em Campos sua infância
Desde os tempos de criança
Despertou
justiça e igualdade
Em prol de uma cidade
se entregou

A paixão pela arte surgiu
Seu canteiro de sonhos floriu
No teatro do Sesc que encontrou Refrão
O seu verdadeiro amor


Por seus ideais
Ela dedicou a sua vida
Não se intimidou
Foi nas urnas pelo povo a preferida
Mãe, primeira-dama, veio e venceu,
governa os sonhos de quem te elegeu.
Quantos programas sociais!
Luz de um trovador
Peça de um ator, cor e paz

Eu sou Ás de Ouro
Trago esse tesouro, te esquecer, jamais
Do teatro ao Palácio Guanabara Bis
A rosa que faz

03 - METODOLOGIA:

O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo mostrar que o carnaval, manifestação artística, cultural e folclórica tem sofrido modificações com o passar dos tempos. Desde os primórdios da festa, os manifestantes tem feito adaptações a maneira de comemorar o carnaval, se no início era apenas para festejar a chegada de uma estação e o princípio de um período de fartura para a agricultura, o carnaval passou por transformações tais como, a inversão de valores e as relações entre patrões e empregados. Dos sambas de protesto e escárnio, hoje os políticos de Campos, usam o carnaval como mais uma forma de atrair a atenção do povo, em uma estratégia de marketing político.
Desse modo, através de pesquisas bibliográficas em livros e em entrevistas com pessoas ligadas ao carnaval campista, os pesquisadores irão mostrar de que forma o carnaval vem se transformando em palanque de pessoas que desejam ascender a cargos públicos, e de que forma os antigos carnavalescos encaram essas mudanças.

04 - ANÁLISE DOS RESULTADOS:

Colhidos os resultados das pesquisas e das entrevistas percebe-se que o carnaval campista e porque não dizer, brasileiro, vem modificando e se adaptando aos novos tempos. Novos conceitos, novas tecnologias e novas informações, tudo a seu tempo. As escolas de samba, no desejo de conseguir as verbas governamentais vem mudando o seu conceito do que é popular e folclórico para conquistar espaços com o marketing político e comercial.
As dificuldades foram muitas, principalmente no que se refere aos dados principais das escolas de samba, onde tanto os escritores de ontem, bem como jornalistas e homens da imprensa não tiveram o desejo de registrar para a posteridade dados que hoje fazem falta a qualquer pesquisador que queira fazer um estudo antropológico e social da sociedade campista através dos enredos das escolas de samba.
Um dos poucos livros que retratam a história dessa festa popular no município, peca pela falta de dados mais precisos para o registro histórico dos carnavais de ontem. E também, das datas do início das atividades de cada uma das escolas de samba, bem como blocos de embalo, ranchos, bois pintadinhos, e das grandes sociedades carnavalescas que por algum tempo levaram ao público campista a alegria e a irreverência do carnaval.

05 - CONCLUSÃO:

Após todo esse trabalho de pesquisa, através de livros e sites na Internet, sobre o carnaval brasileiro e carioca, o pesquisador chega a conclusão de que o carnaval como manifestação cultural popular, vem sofrendo modificações com o decorrer dos tempos. Todas essas mudanças são decorrentes da evolução da sociedade e dos meios em que vivemos, dos problemas enfrentados e até mesmo da maneira com que a classe política de âmbito geral, vem trabalhando para dar ao povo as obras necessárias para a melhor qualidade de vida.
Por outro lado, cabe também uma ponta de responsabilidade de quem averigua e pesquisa uma matéria tão complexa, atestar para a posteridade os fatos que determinaram as mudanças na apresentação do carnaval e dos seus enredos, para o povo. Pois o carnaval também é visto como uma fonte de comunicação do povo para o povo, e é através dele, que o carnavalesco conta a história de fatos passados, com uma visão do presente, deixando o seu legado para as novas e futuras gerações.
Cabe ao estudante de comunicação, quando do exercício profissional a responsabilidade de não deixar passar em branco, fatos que hoje são comuns, mas que no futuro servirão de base para novos pesquisadores que estudarão a sociedade de hoje.
Como tudo se transforma, é bem provável que nos próximos anos vejamos novidades no carnaval brasileiro, porque os carnavalescos campistas, já viraram a página da história, dos antigos sambas de protesto, as escolas de samba, venderam os seus espaços e seus enredos para que os políticos utilizem o carnaval como marketing político.

06 - ANEXOS

06.01 - CRONOLOGIA DA HISTÓRIA DO CARNAVAL

497 a.C.
Data da existência do templo em homenagem a Saturno

séc. XVIII e XIX
Época em que se realizou os carnavais mais faustosos.

1141-43
Data da notícia do carnaval romano, realizado no Testacio do Monte dei Cocci.

1464-1492
O Papa Paulo II funda o carnaval moderno e o transforma em ato político.

1492-1503
O Papa Alessandro VI (Bórgia) é quem autoriza o uso de máscaras nas igrejas.

1503-1555
É no período do Papa Giulio II, que o carnaval assume a condição artística. Nessa época os primeiros carros alegóricos tiveram como autores, Bramante, Raffaello, Michelangelo e Sangallo.

1723
Ano em que o Entrudo é implantado no Rio de Janeiro, por imigrantes nativos das ilhas portuguesas da Madeira, Açores e Cabo Verde.

1832
Surge as limas de cheiro, feitas de cera e contendo água perfumada, usada nas brincadeiras do entrudo. A lima de cheiro quando arremessada abria-se ao atingir a pessoa visada, molhando-a. Com o correr do tempo, as limas passaram a ser cheias de água mal cheirosa e até perniciosa a saúde. Esse abuso foi proibido pelas autoridades policiais.

1835
É vendido no Rio de Janeiro máscaras para o carnaval, na firma Bóris & Irmãos, estabelecida na rua do Ouvidor, 128, conforme anúncio publicado no Jornal do Comércio de 6 de fevereiro, informando um grande sortimento delas.

1840
Em janeiro ocorre o primeiro baile de carnaval no Rio de Janeiro.

1846
É realizado o 1º baile de máscaras do Rio de Janeiro.

1846
O sapateiro José Nogueira de Azevedo Paredes, português de nascimento e com uma oficina instalada na Rua São José, 22 junta os amigos na segunda-feira de carnaval e realiza uma barulhenta passeata pelas ruas, improvisando uma zabumba com os recursos do momento, e passa a ser conhecido como Zé Pereira.

1850
A Sociedade Paulicéia Vagabunda, clube paulista, desfila com vários carros alegóricos, provocando críticas desfavoráveis porque apresentam mulheres em cenas de bacanal.

1852
Surge o Zé Pereira e além do bumbo e tambor, surge também as cuícas, os tamborins, tambores e pandeiros para compor uma bateria. Ainda nesse ano, surgem os primeiros clubes carnavalescos chamados também de “Grandes Sociedades”.

1869
O ator Francisco Correa Vasques, prepara um arranjo musical de ritmo sacudido e linha melódica de efeito ribombante, retirado de uma canção da peça francesa “Lês Pompiers de Nanterre” e que foi incluído no espetáculo Zé Pereira Carnavalesco, encenado no Teatro Fênix. Atualmente esta versão melódica é executada na abertura dos bailes carnavalescos realizados nos clubes tradicionais.

1873
A marcha-rancho surge no carnaval carioca e foi nesse mesmo ano que o rancho inicia os seus desfiles no carnaval da cidade do Rio de Janeiro.

1875-1900
O Deboche é sinônimo de carnaval nesse último quarto do século passado.
O baiano Hilário Jovino Ferreira conhecido como Lalu de Ouro tem a primazia de introduzir a figura garbosa e astuta do mestre-sala nos desfiles de ranchos do Rio de Janeiro.

1892
Surge no carnaval brasileiro e carioca, o confete e a serpentina.
Aparece no carnaval desse ano a serpentina, uma fita estreita de papel, muito comprida e de cores variadas enrolada em forma de disco que se desenrola em arremesso nos festejos carnavalescos.

1896
Surge no carnaval o confete dourado.

1899
Surge a primeira canção do carnaval carioca, “Ó Abre Alas”, composta pela maestrina Chiquinha Gonzaga, a pedido do Cordão Rosa de Ouro (RJ).

Marchinha de Chiquinha Gonzaga (Carnaval de 1900)
Ó abre alas/Que eu quero passar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Eu sou da Lira/Não posso negar/Eu sou da Lira/Não posso negar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Rosa de Ouro/É que vai ganhar/Rosa de Ouro/É que vai ganhar.

1900
A Praça Onze é famosa por que foi ali que desfilaram diversos blocos e escolas de samba do carnaval carioca.
Surge no carnaval carioca, os óculos, disfarce feito de pano e material plástico usado para evitar os esguichos do lança-perfume.

1901
O tarol é introduzido pelo Clube dos Caiadores, do Recife.

1903
Aparece o lança-perfume, vindo da França, sucedendo as limas de cheiro que desaparecem com a proibição do Entrudo.
Até esse ano o Entrudo exerce o seu domínio carnavalesco e ressurge em 1960 no Recife, sob a forma de Mela-Mela.

1907
Por iniciativa do jornal A Gazeta de Notícias é realizada a primeira batalha de confete na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Surge o primeiro desfile de corso puxado pelo carro presidencial que conduzia as filhas do presidente Afonso Pena.

1908
Marc Ferrez, produz um documentário sobre O Corso em Botafogo, no carnaval desse ano no Rio de Janeiro.

1915
A cuíca é começa a ser popularizada quando aparece nos desfiles dos cordões carnavalescos, e cria um novo conceito quando é introduzida na bateria da escola de samba, onde ocupa a segunda fila na ordem de colocação dos instrumentos.

1916
Os compositores Donga e Mauro de Almeida, compõem o samba Pelo Telefone, que foi gravada originariamente em versão instrumental na Odeon (Casa Edison), pela Banda Odeon e logo em seguida recebeu a versão cantada de Baiano e coro, também pela mesma gravadora. Ambas as gravações foram lançadas em discos de 78 rpm.

Pelo Telefone (Donga e Mauro de Almeida, 1916)
O Chefe da folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar
Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhe
Pra não tornar fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço
Ai, se a rolinha,
Sinhô, Sinhô
Se embaraçou, Sinhô, Sinhô
É que a avezinha, Sinhô, Sinhô
Nunca sambou, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
De arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô
O Peru me disse
Se o Morcego visse
Não fazer tolice
Que eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse-não-disse
Ah! Ah! Ah!
Aí está o canto ideal, triunfal
Ai, ai, ai
Viva o nosso Carnaval sem rival
Se quem tira o amor dos outros
Por Deus fosse castigado
O mundo estava vazio
E o inferno habitado
Queres ou não, Sinhô, Sinhô
Vir pro cordão, Sinhô, Sinhô
É ser folião, Sinhô, Sinhô
De coração, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
De arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô
Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Não procure encosto
Tenha o riso posto
Faça alegre o rosto
Nada de desgosto
Ai, ai, ai
Dança o samba
Com calor, meu amor
Ai, ai, ai
Pois quem dança
Não tem dor nem calor

Outras gravações conhecidas são as da Banda do 1º Batalhão da Brigada Policial da Bahia, José Gonçalves (1938), Conjunto Regional do Donga (1938), Almirante (1952), Gilberto Alves, Mário Reis, Carolina Cardoso de Menezes (piano), Marlene com Nuno Roland & Blecaute (1968), Abel Ferreira, Altamiro Carrilho (1962), Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (1957), Carolina Cardoso de Menezes (1957), Paulo Tapajós, Os Cinco Crioulos (1967), Plauto Cruz (flauta, 1980), MPB-4 (1970), Elza Soares, Martinho da Vila (1973), Banda do Canecão (1973), Grupo 10.001 & Vocal Documenta (1975), Os Caretas, Roberto Izidon (piano), Ivan Paulo, Trovadores Urbanos (1995), entre outras. A popularidade desta música foi tamanha que apareceram ainda diversas variantes, todas elas muito espirituosas. Esta foi a primeira, estampada na coluna Pingos e Respingos do Correio da Manhã, de 15/12/1917:

O Chefe da Polícia
Com toda carícia
Mandou-nos avisá
Que de rendez-vuzes
Todos façam cruzes
Pelo carnavá!...
Em casas da zona
Não entra nem dona
Nem amigas sua
Se tem namorado
Converse fiado
No meio da rua.
Em porta e janela
Fica a sentinela
De noite e de dia;
Com as arma embalada
Proibindo a entrada
Das moça vadia
A lei da polícia
Tem certa malícia
Bastante brejeira;
O chefe é ranzinza
No dia de "cinza"
Não quer Zé-Pereira!
Coro (Civis)
Me dá licença, não dou, não dou
Faça favô, não dou, não dou
Pra residença, não dou, não dou
Com pressa vou, não dou, não dou
Coro (Madamas)
Do chefe é orde?
Não vou, não vou
Sua atrevida, não vou, não vou
Entrar não pode, não vou, não vou
Vá pra Avenida, não vou, não vou.
Edigar de Alencar ainda cita outro episódio:
"A outra versão espirituosa focalizava um fato de 1913, quando da anterior campanha do jornal A Noite contra o jogo. Naquele ano, para provar a inocuidade da repressão policial ao jogo, o vibrante vespertino instalara no Largo da Carioca, em frente da sua redação, uma roleta. A iniciativa fora dos repórteres Castelar de Carvalho e Eustáquio Alves. Eis os versos da bem sucedida paródia:

O chefe da polícia
Pelo telefone
Manda me avisar,
Que na Carioca
Tem uma roleta
Para se jogar...
Ai, ai, ai
O chefe gosta da roleta, ó maninha
Ai, ai, ai
Ninguém mais fica forreta, ó maninha
Chefe Aurelino, Sinhô, Sinhô,
É bom menino, Sinhô, Sinhô,
Faz o convite, Sinhô, Sinhô,
Pra se jogar, Sinhô, Sinhô,
De todo jeito, Sinhô, Sinhô,
O bacará, Sinhô, Sinhô,
O pinguelim, Sinhô, Sinhô,
Tudo é assim, Sinhô, Sinhô."

Pelo Telefone é o marco inicial da história fonográfica do samba. No entanto, outros "sambas" foram gravados antes de Pelo Telefone, como A Viola está Magoada (Catulo da Paixão Cearense), Moleque Vagabundo (Lourival Carvalho), Chora Chora Choradô (cantada por Bahiano), Janga (com o Grupo Paulista), Samba Roxo (com Eduardo das Neves), No Samba (gravada por Pepa Delgado e Mário Pinheiro), Samba - Em Casa de Baiana (com o Conjunto da Casa Faulhaber), Samba do Urubu (com o Grupo do Louro), Samba do Pessoal Descarado (com o Grupo dos Descarados), Vadeia Cabolclinha (com o Grupo Tomás de Souza) e Samba dos Avacalhados (com o grupo do Pacheco), dentre outros. (Retirado do fascículo 1 da História do Samba da Editora Globo). O primeiro samba nasceu com a primeira polêmica relacionada a direito autoral. Donga, ou Ernesto dos Santos, registrou sua partitura na Biblioteca Nacional em novembro de 1916, mas não incluíu nenhum parceiro. No entanto, os freqüentadores da casa da Tia Ciata já conheciam o refrão de Pelo Telefone, pois estavam acostumados a improvisar versos em torno do mesmo. O jornalista Mauro de Almeida entrou na parceria quando a música foi gravada pela Banda Odeon. Mas o próprio jornalista admitia que os versos não eram dele, e sim retirados de canções folclóricas. Mauro de Almeida adotava o pseudônimo de Peru dos Pés Frios, daí os versos O Peru me disse... Há dúvida ainda de qual foi realmente a primeira gravação de Pelo Telefone. No seu depoimento para o MIS, em 1969, Donga comenta a respeito:
O polêmico "Pelo telefone"
Um dos primeiros comentários que se pode adiantar sobre a música Pelo telefone diz respeito à questão dos direitos autorais da composição, ainda hoje objeto de discussão não totalmente esclarecido.
Maria Theresa Mello Soares 20, revela-nos o seguinte:
"Historicamente o primeiro caso - que foi muito comentado no Rio de Janeiro - de posse indébita de composição musical teve como protagonista Ernesto dos Santos, ou melhor, o Donga, violonista que tocava de ouvido, 'nem sabia traçar as notas de música'. Pelo telefone - tango, maxixe ou samba, nunca ficou bem definida a sua classificação - foi a composição que gerou polêmica ruidosa no meio artístico carioca, provocando atritos e discussões, principalmente pela imprensa que tomou partido de um jornalista envolvido no 'affaire'".
Problemas à parte, 1917 é de fato considerado um ano-chave para a história da música brasileira de raízes populares e urbanas, justamente devido ao lançamento de Pelo telefone, considerado o primeiro samba oficialmente registrado no Brasil. A partir de então, o samba - que já se prenunciava anteriormente através de formas variantes como o lundu, o maxixe, a polca e a habanera - individualizou-se, adquiriu vida própria, tornando-se definitivamente um gênero musical:
"Um fato até então inédito acontece: os clubes carnavalescos, que nunca tocavam a mesma música em seus desfiles, entraram na Av. Central tocando Pelo telefone". 21
Outra grande dúvida mencionada por pesquisadores recai sobre a data da composição. Embora tenha sido lançada no carnaval de 1917 com êxito extraordinário, o registro da partitura para piano, feito por Donga na biblioteca nacional, é de 16 de dezembro de 1916.
A questão sobre a autoria, levantada anteriormente, é também outro aspecto importante nessa discussão. Sabe-se que muitas reuniões de samba de partido alto ocorriam no terreiro de tia Ciata, freqüentado por sambistas, músicos, curiosos e jornalistas, tais como: Donga, Sinhô, Pixinguinha, João da Mata, Mestre Germano, Hilário Jovino e Mauro de Almeida. Este último - Mauro de Almeida - teria escrito os versos para a música de criação coletiva intitulada Roceiro, executada pela primeira vez como tango em um teatro da rua Haddock Lobo, em 25 de outubro de 1916. Valendo-se da repercussão imediata da música, Donga não hesitou em registrá-la com o título de Pelo telefone, aparecendo então como o único autor, omitindo a letra do jornalista Mauro de Almeida. Houve reações e protestos, principalmente daqueles que se sentiram diretamente atingidos. Assim comenta Edigar de Alencar 22:
"O registro do samba (nº 3295) não teve a repercussão que teria hoje. Música de muitos não era de ninguém. Não tinha dono, como mulher de bêbado..."
Renato Vivacqua é quem afirma:
"Mesmo assim, o Jornal do Brasil de 04.02.1917 trazia o seguinte comentário:
Do Grêmio Fala Gente recebemos a seguinte nota: Será cantado domingo, na av. Rio Branco, o verdadeiro tango Pelo telefone, dos inspirados carnavalescos, o imortal João da Mata, o mestre Germano, a nossa velha amiguinha Ciata e o inesquecível bom Hilário; arranjo exclusivamente pelo bom e querido pianista J. Silva (Sinhô), dedicado ao bom e amigo Mauro, repórter da Rua, em 6 de agosto de 1916, dando ele o nome de Roceiro'.
Pelo telefone
A minha boa gente
Mandou me avisar
Que o meu bom arranjo
Era oferecido
Para se cantar.
Ai, ai, ai
Leva a mão na consciência, meu bem.
Ai, ai, ai
Mas pra que tanta presença, meu bem?
Ó que cara dura
De dizer nas rodas
Que este arranjo é teu!
É do bom Hilário
É da velha Ciata
Que o Sinhô escreveu
Tomara que tu apanhes
Pra não tornar a fazer isso,
Escrever o que é dos outros
Sem olhar o compromisso"

Tudo indica que a composição seja mesmo de caráter coletivo, cantarolada com versos variados em alguns pontos da cidade, tendo sido mais tarde reformulados por Donga e Mauro de Almeida.
Teria sido "Pelo telefone" o primeiro samba realmente registrado no Brasil?
Há contestações e controvérsias. Hoje não mais se acredita que este tenha sido o primeiro registro do gênero samba no selo de um disco. Alguns pesquisadores, entre eles Renato Vivacqua 24, mencionam pelo menos três outras composições designando o gênero: Um samba na Penha (interpretado por Pepa Delgado e lançado pela Casa Edison em 1909); Em casa da Baiana (de 1911); e por último A viola está magoada (de autoria de Catulo da Paixão Cearense, composto em 1912 e gravado em 1914). Edigar de Alencar também menciona um outro samba denominado Samba roxo (de Eduardo da Neves, de 1915).
Afinal, qual a verdadeira letra de "Pelo telefone"?
Uma outra polêmica até hoje não totalmente desvendada diz respeito à letra original do samba - que teria recebido inúmeras alterações e paródias ao longo do tempo, gerando confusões.
Donga chegou a afirmar que a verdadeira letra da 1ª estrofe seria iniciada pelo verso O chefe da folia, mas por diversas vezes caiu em contradição, dizendo que o 1º verso da música era de fato O chefe da polícia.
Sobre essa estrofe, comenta Edigar de Alencar 25:
"Os versos expressivos e bem feitos eram uma glosa sutil a um fato importante. O então chefe da polícia Aurelino Leal determinara em fins de outubro daquele ano (1916), em ofício publicado amplamente na imprensa, que os delegados distritais lavrassem auto de apreensão de todos os objetos de jogatina encontrados nos clubes. Antes de qualquer providência, porém, ordenara que lhe fosse dado aviso pelo telefone oficial."
Portanto, duas hipóteses são aceitas para esta primeira estrofe:

O chefe da folia
O chefe da polícia
Pelo telefone
Pelo telefone
Manda me avisar
Manda me avisar
Que com alegria
Que na Carioca
Para se brincar
Para se jogar
Para se brincar


A Donga se deve pelo menos o fato de ter percebido que o samba, ainda em seu nascedouro, surgiria a partir daquela data não mais como uma dança ou festa coletiva, mas como um bem cultural digno de ser comercializado e divulgado no rádio, então único meio de comunicação de massa, ávido para ter o que tocar. Os últimos comentários a esse respeito são de Almirante, citado no livro de Edigar de Alencar:
"Em resumo, o Pelo telefone teve um autor indiscutível: Mauro de Almeida, criador de seus versos e cujo nome permaneceu sempre sonegado. Jamais recebeu quaisquer direitos autorais, como seria justíssimo. Mauro de Almeida, com 74 anos de idade, morreu a 19 de junho de 1956. E quais foram os parceiros da melodia do Pelo telefone? Segundo a imprensa, conforme citamos: João da Mata, mestre Germano, tia Ciata, Hilário Jovino, Sinhô e Donga. Mas todos eles..."
Cabe assinalar ainda que a música recebeu uma versão teatral de Henrique Júnior com o mesmo título, que teve sua estréia em 7 de agosto de 1917 no Teatro Carlos Gomes, ficando menos de uma semana em cartaz.
Apenas música para se brincar no carnaval
Assim como a marcha, o "samba anônimo" - batucado e gingado coletivamente - surgiu com o desenvolvimento do carnaval, para atender às camadas subalternas que ainda não possuíam um tipo de música própria que as representasse durante os desfiles e comemorações do Rei Momo. Aos poucos, foi atraindo músicos da classe média que tinham acesso à "mídia" da época - o rádio, também em sua fase inicial - e acabou perpetuando-se no tempo graças aos foliões de rua.

1917
É fundado o Cordão Carnavalesco Estrela de Ouro.

1919
O lança-perfume apresenta as suas bisnagas de vidro de 10, 30 e 60 gramas e as diferentes marcas brasileiras são: Rodo, Rigoleto, Flirt e Vlan.

1920
Surge a Peleja, nome dado as batalhas de confete ocorridas a partir dessa década.

1921
Maria Adamastor é aplaudida ao desfilar no carnaval carioca em um rancho como mestre-sala.

1923
Surge no subúrbio de Osvaldo Cruz o bloco carnavalesco Portela.
A pedido do escritor Coelho Neto, os ranchos são obrigados a apresentar como enredo dos seus desfiles, assuntos ligados a vida nacional.

1927
Surgem as bisnagas de metal para o lança-perfume.

1928
Data da fundação da 1ª escola de samba no Rio de Janeiro, a “Deixa Falar”, no bairro do Estácio.
No dia 28 de abril é fundada no Rio de Janeiro, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Ela surge com a fusão de diversos blocos existentes no morro de mesmo nome, e entre os blocos mais famosos destacava-se o Bloco dos Arengueiros.
Em 12 de agosto desse ano, é fundado a 1ª escola de samba do Rio de Janeiro, a Deixa Falar, no subúrbio do Estácio.

30, década de
A partir dessa década, Ézio Laurindo da Silva, mais conhecido como Delegado, da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira desfila por 70 anos consecutivos na escola, além de ter desfilado na bateria e na harmonia, Seu Delegado, como é conhecido, desfilou durante 30 anos como mestre-sala e obteve a nota máxima durante todos esses anos, em que defendeu o pavilhão da verde e rosa.

1930
O mestre de fanfarra dos Fenianos, introduz uma bateria no desfile desse clube. Ele age como precursor da nova modalidade que a partir do ano seguinte iria tomar conta do carnaval carioca, tornando-se com o tempo, uma das maiores e única atração do carnaval carioca.
A Portela cria a Comissão de Frente uniformizada.
Na Praça Onze é realizado o primeiro desfile das escolas de samba, por iniciativa delas próprias, a Estação Primeira de Mangueira por exemplo, desfilou com este enredo:

ENREDO: LINDA DEMANDA
AUTOR: SATURNINO
LINDA DEMANDA
EXISTE NO SAMBA
A NOSSA LUTA SEM RANCOR
MANGUEIRA OSWALDO CRUZ,
ESTÁCIO E AMIZADE QUE ESTREITA
OS LAÇOS SÓ POR AMOR...

ENREDO: EU QUERO NOTA
AUTOR: ARTHURZINHO
EU QUERO É NOTA
CARINHO E SOSSEGO
PARA VIVER DESCANÇADO BIS
CHEIO DE ALEGRIA, MEU BEM
COM UMA CABROCHA AO MEU LADO
EU QUERIA TER DINHEIRO
QUE FOSSE GRANDE PORÇÃO
EU COMPRAVA UM AUTOMÓVEL
IA MORAR LÁ NO LEBLON
SOU UM TRISTE OPERÁRIO
NÃO POSSO BANCAR BARÃO
VOU MORAR LÁ EM MANGUEIRA
NUM MODESTO BARRACÃO (breque)
EU QUERO É NOTA
EU QUERO É NOTA
CARINHO E SOSSEGO
PARA VIVER DESCANÇADO BIS
CHEIO DE ALEGRIA, MEU BEM
COM UMA CABROCHA AO MEU LADO
TODO MUNDO ACHA GRAÇA
DE UM POBRE VAGABUNDO
SE A SORTE FOSSE IGUAL
NINGUÉM RIA NESTE MUNDO
EU DESÇO DE MADRUGADA
ENGANANDO A MOÇADA
QUE VOU TRABALHAR
PORÉM QUANDO A FÁBRICA APITA
PEGO NA MINHA MARMITA
VOU ME ALIMENTAR.

1931
Surge no Recife, PE, o Bloco de Carnaval Homem da Meia Noite.
A Portela apresenta o samba-enredo.
Surge no carnaval carioca o primeiro samba-enredo apresentado pela escola de samba Vai Como Pode (depois Escola de Samba Portela).

1932
O jornal Mundo Esportivo patrocina outro desfile de escolas de samba.
É realizado o 1º desfile extra-oficial das escolas de samba, vencido pela Mangueira.
A Mangueira introduz em sua bateria o pandeiro oitavado e cria a Ala dos Compositores.
Surge o primeiro Rei Momo do carnaval brasileiro, um boneco gigante, feito de papelão colorido descansando sua obesidade numa fivela dourada, e na cabeça uma coroa de lata reluzente.

1933
Cabe ao folião Francisco Morais Cardoso (redator de turfe), com 120 quilos de peso, a primazia de ser o primeiro Rei Momo do carnaval carioca e brasileiro.

1935
Em 1º de março desse ano a Escola de Samba Vai Como Pode, adota o nome de Portela, e foi a primeira escola a apresentar alegorias no desfile carnavalesco.
Na Praça Onze é realizada pela 1ª vez um desfile oficial das escolas de samba do Rio de Janeiro e foi vencido pela “Vai Como Pode”, que daria origem a Portela.
É oficializado o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Surge a figura do Cidadão Momo no carnaval carioca. Esse personagem foi criado pelo Cordão dos Laranjas para contestar o prestígio do Rei Momo. O primeiro Cidadão Momo foi o cantor Silvio Caldas.

1936
A partir desse ano desaparecem os disfarces de rosto por determinação das autoridades policiais, como medida de segurança pública.

1939
A Portela apresenta o enredo “Teste ao Samba”, que foi considerado por muitas pessoas como o primeiro samba-enredo da história do carnaval.

Compositor: Paulo Benjamim de Oliveira (Paulo da Portela)
Vou começar a aula
Perante a comissão
Muita atenção!
Eu quero ver
Se diplomá-los posso
Salve o fessor
Dá nota a ele senhor
Quatorze com dois são doze
Noves fora tudo é nosso
Cem divididos por mil
Cada um com quatro fica
Não pergunte à caixa surda
Não peça cola à cuíca
Nós lá no morro
Vamos vivendo de amor
Estudando com carinho
O que nos passa o professor

1942
O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro passam a ser realizados na Avenida Presidente Vargas.

1947
Surge em Olinda, PE, o bloco Pitombeiras dos Quatro Cantos, uma troça carnavalesca criada pelos moradores do bairro Quatro Cantos. Nos dois primeiros carnavais os integrantes da troça saem de dorso nu e empunhando galhos de pitombeiras, daí resultando o nome do bloco.
Em 23 de março, é fundada a escola de samba Império Serrano no Rio de Janeiro.

1948
A escola de samba Império Serrano introduz uma frigideira em sua bateria.

1953
Em 12 de dezembro é fundado o bloco de empolgação Bafo de Onça.
Desde esse ano, é obrigatória a presença da ala das baianas nos desfiles de escolas de samba.

1955
Surge no carnaval carioca, o prato (de banda), um instrumento de percussão apropriado as bandas de música e que foi introduzido pela Escola de Samba Império Serrano.

1958
Ano de Fundação da Primeira Escola de Samba de Campos, a Grêmio Recreativo Escola de Samba União da Esperança.

1963
Na Avenida Presidente Vargas é realizado o 1º desfile onde foram cobrados ingressos.

1964
Haroldo de Santa Cruz, utiliza-se de uma lanterna de pilha que a cada mudança de cor a bateria da Escola de Samba Em Cima da Hora, entrava ou parava os seus instrumentos.

1965
A Grêmio Recreativo Escola de Samba Salgueiro, apresenta sua comissão de frente no desfile desse ano fantasiada com Burrinhas, e a escola foi campeã nesse ano.
A Academia de Ritmos Mocidade Louca desfila no Rio de Janeiro, na Avenida Presidente Vargas, em homenagem ao Quarto Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.
É realizado no Rio de Janeiro, o primeiro concurso Pandeiro de Ouro, vencido por Antônio Augusto, pandeirista da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
É proibido o uso do éter perfumado em qualquer manifestação carnavalesca, por decreto do presidente Castelo Branco.

1967
Nesse ano a Mangueira apresenta uma comissão de frente formada apenas por mulheres fantasiadas de fadas.
O Rei Momo do carnaval carioca passa a ser regido pelo Decreto nº 1.455, devendo ter no mínimo 100 quilos, medir 1m65 ou mais de altura, ser maior de 21 anos e portador de reconhecida idoneidade moral, além de apresentar atestado de boa saúde.

1969
A Imperatriz Leopoldinense também apresenta uma comissão de frente formada por mulheres, mas com lindíssimas africanas estilizadas.
A Escola de Samba Salgueiro, do Rio de Janeiro, apresenta com o enredo Bahia d Todos os Deuses, o primeiro samba-enredo curto.

70, década de
As escolas de samba adotam o sistema de escolha de sambas-enredo.

1970
Na cidade paulista de Bauru, um canhão lançador de confete, aparelho inventado na mesma cidade, desfila pelas ruas da cidade.

1971
Surge no carnaval, o confete fabricado com bolinhas de isopor, que logo foi condenado pelos fiscais da Saúde Pública diante do mal que poderia causar. Antes da evidência das rodelinhas de papel, utilizava-se papel picado.

1972
Elísio da Conceição, mais conhecido como Macula foi o primeiro Rei Momo de cor escura, eleito para o carnaval carioca.

1974
O destaque é oficializado e mantido nos carros alegóricos.

1978
Surge o Bloco Carnavalesco Galo da Madrugada, no bairro de São José, Recife, PE, que desfila pelas ruas centrais da cidade nas manhãs do sábado gordo de carnaval.

80, década de
Surgem os Bois Pintadinhos em Campos.

1981
Ressurge a figura barulhenta do Zé Pereira, no carnaval carioca do Rio de Janeiro, eleito em um concurso realizado pela Riotur.

1984
O decorador Raimundo dos Santos Oliveira, travestido de mulher, desfila como porta-bandeira pela Escola de Samba Unidos do Gavião, no carnaval de Niterói, RJ.
Em 4 de março é inaugurado no domingo de carnaval, a Praça da Apoteose, recanto final do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer e construído no governo de Leonel Brizola, do Rio de Janeiro.
Os desfiles das escolas de samba são levados para a Marquês de Sapucaí, na Passarela Professor Darcy Ribeiro, conhecida como “Sambódromo”.
A Escola de Samba Império do Maringá, do Rio de Janeiro, apresenta uma comissão de frente formada por 12 sereias.

1985
Com o tema E Por Falar em Saudade a Escola de Samba Caprichosos de Pilares, descumpre uma determinação e uma exigência de glorificar figuras ou fatos históricos no carnaval desse ano, e apresenta um enredo irreverente, irônico, ousado e panfletário. Esse samba ficou conhecido como Tem Bumbum de Fora, em virtude do seu refrão final, e foi composto por Almir Araújo, Marquinhos Lessa, Hércules Corrêa, Balinha e Carlinhos de Pilares.

2004
Wagner Jorge Wanderson dos Santos Monteiro, é o primeiro Rei Momo Magro eleito para o carnaval do Rio de Janeiro. O prefeito César Maia é quem autorizou a mudança no regulamento do concurso, acabando com a exigência do peso mínimo de 110 quilos.