sábado, 8 de setembro de 2007

06.01 - CRONOLOGIA DA HISTÓRIA DO CARNAVAL

497 a.C.
Data da existência do templo em homenagem a Saturno

séc. XVIII e XIX
Época em que se realizou os carnavais mais faustosos.

1141-43
Data da notícia do carnaval romano, realizado no Testacio do Monte dei Cocci.

1464-1492
O Papa Paulo II funda o carnaval moderno e o transforma em ato político.

1492-1503
O Papa Alessandro VI (Bórgia) é quem autoriza o uso de máscaras nas igrejas.

1503-1555
É no período do Papa Giulio II, que o carnaval assume a condição artística. Nessa época os primeiros carros alegóricos tiveram como autores, Bramante, Raffaello, Michelangelo e Sangallo.

1723
Ano em que o Entrudo é implantado no Rio de Janeiro, por imigrantes nativos das ilhas portuguesas da Madeira, Açores e Cabo Verde.

1832
Surge as limas de cheiro, feitas de cera e contendo água perfumada, usada nas brincadeiras do entrudo. A lima de cheiro quando arremessada abria-se ao atingir a pessoa visada, molhando-a. Com o correr do tempo, as limas passaram a ser cheias de água mal cheirosa e até perniciosa a saúde. Esse abuso foi proibido pelas autoridades policiais.

1835
É vendido no Rio de Janeiro máscaras para o carnaval, na firma Bóris & Irmãos, estabelecida na rua do Ouvidor, 128, conforme anúncio publicado no Jornal do Comércio de 6 de fevereiro, informando um grande sortimento delas.

1840
Em janeiro ocorre o primeiro baile de carnaval no Rio de Janeiro.

1846
É realizado o 1º baile de máscaras do Rio de Janeiro.

1846
O sapateiro José Nogueira de Azevedo Paredes, português de nascimento e com uma oficina instalada na Rua São José, 22 junta os amigos na segunda-feira de carnaval e realiza uma barulhenta passeata pelas ruas, improvisando uma zabumba com os recursos do momento, e passa a ser conhecido como Zé Pereira.

1850
A Sociedade Paulicéia Vagabunda, clube paulista, desfila com vários carros alegóricos, provocando críticas desfavoráveis porque apresentam mulheres em cenas de bacanal.

1852
Surge o Zé Pereira e além do bumbo e tambor, surge também as cuícas, os tamborins, tambores e pandeiros para compor uma bateria. Ainda nesse ano, surgem os primeiros clubes carnavalescos chamados também de “Grandes Sociedades”.

1869
O ator Francisco Correa Vasques, prepara um arranjo musical de ritmo sacudido e linha melódica de efeito ribombante, retirado de uma canção da peça francesa “Lês Pompiers de Nanterre” e que foi incluído no espetáculo Zé Pereira Carnavalesco, encenado no Teatro Fênix. Atualmente esta versão melódica é executada na abertura dos bailes carnavalescos realizados nos clubes tradicionais.

1873
A marcha-rancho surge no carnaval carioca e foi nesse mesmo ano que o rancho inicia os seus desfiles no carnaval da cidade do Rio de Janeiro.

1875-1900
O Deboche é sinônimo de carnaval nesse último quarto do século passado.
O baiano Hilário Jovino Ferreira conhecido como Lalu de Ouro tem a primazia de introduzir a figura garbosa e astuta do mestre-sala nos desfiles de ranchos do Rio de Janeiro.

1892
Surge no carnaval brasileiro e carioca, o confete e a serpentina.
Aparece no carnaval desse ano a serpentina, uma fita estreita de papel, muito comprida e de cores variadas enrolada em forma de disco que se desenrola em arremesso nos festejos carnavalescos.

1896
Surge no carnaval o confete dourado.

1899
Surge a primeira canção do carnaval carioca, “Ó Abre Alas”, composta pela maestrina Chiquinha Gonzaga, a pedido do Cordão Rosa de Ouro (RJ).

Marchinha de Chiquinha Gonzaga (Carnaval de 1900)
Ó abre alas/Que eu quero passar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Eu sou da Lira/Não posso negar/Eu sou da Lira/Não posso negar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Ó abre alas/Que eu quero passar/Rosa de Ouro/É que vai ganhar/Rosa de Ouro/É que vai ganhar.

1900
A Praça Onze é famosa por que foi ali que desfilaram diversos blocos e escolas de samba do carnaval carioca.
Surge no carnaval carioca, os óculos, disfarce feito de pano e material plástico usado para evitar os esguichos do lança-perfume.

1901
O tarol é introduzido pelo Clube dos Caiadores, do Recife.

1903
Aparece o lança-perfume, vindo da França, sucedendo as limas de cheiro que desaparecem com a proibição do Entrudo.
Até esse ano o Entrudo exerce o seu domínio carnavalesco e ressurge em 1960 no Recife, sob a forma de Mela-Mela.

1907
Por iniciativa do jornal A Gazeta de Notícias é realizada a primeira batalha de confete na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Surge o primeiro desfile de corso puxado pelo carro presidencial que conduzia as filhas do presidente Afonso Pena.

1908
Marc Ferrez, produz um documentário sobre O Corso em Botafogo, no carnaval desse ano no Rio de Janeiro.

1915
A cuíca é começa a ser popularizada quando aparece nos desfiles dos cordões carnavalescos, e cria um novo conceito quando é introduzida na bateria da escola de samba, onde ocupa a segunda fila na ordem de colocação dos instrumentos.

1916
Os compositores Donga e Mauro de Almeida, compõem o samba Pelo Telefone, que foi gravada originariamente em versão instrumental na Odeon (Casa Edison), pela Banda Odeon e logo em seguida recebeu a versão cantada de Baiano e coro, também pela mesma gravadora. Ambas as gravações foram lançadas em discos de 78 rpm.

Pelo Telefone (Donga e Mauro de Almeida, 1916)
O Chefe da folia
Pelo telefone manda me avisar
Que com alegria
Não se questione para se brincar
Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhe
Pra não tornar fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço
Ai, se a rolinha,
Sinhô, Sinhô
Se embaraçou, Sinhô, Sinhô
É que a avezinha, Sinhô, Sinhô
Nunca sambou, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
De arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô
O Peru me disse
Se o Morcego visse
Não fazer tolice
Que eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse-não-disse
Ah! Ah! Ah!
Aí está o canto ideal, triunfal
Ai, ai, ai
Viva o nosso Carnaval sem rival
Se quem tira o amor dos outros
Por Deus fosse castigado
O mundo estava vazio
E o inferno habitado
Queres ou não, Sinhô, Sinhô
Vir pro cordão, Sinhô, Sinhô
É ser folião, Sinhô, Sinhô
De coração, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
De arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô
Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Não procure encosto
Tenha o riso posto
Faça alegre o rosto
Nada de desgosto
Ai, ai, ai
Dança o samba
Com calor, meu amor
Ai, ai, ai
Pois quem dança
Não tem dor nem calor

Outras gravações conhecidas são as da Banda do 1º Batalhão da Brigada Policial da Bahia, José Gonçalves (1938), Conjunto Regional do Donga (1938), Almirante (1952), Gilberto Alves, Mário Reis, Carolina Cardoso de Menezes (piano), Marlene com Nuno Roland & Blecaute (1968), Abel Ferreira, Altamiro Carrilho (1962), Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (1957), Carolina Cardoso de Menezes (1957), Paulo Tapajós, Os Cinco Crioulos (1967), Plauto Cruz (flauta, 1980), MPB-4 (1970), Elza Soares, Martinho da Vila (1973), Banda do Canecão (1973), Grupo 10.001 & Vocal Documenta (1975), Os Caretas, Roberto Izidon (piano), Ivan Paulo, Trovadores Urbanos (1995), entre outras. A popularidade desta música foi tamanha que apareceram ainda diversas variantes, todas elas muito espirituosas. Esta foi a primeira, estampada na coluna Pingos e Respingos do Correio da Manhã, de 15/12/1917:

O Chefe da Polícia
Com toda carícia
Mandou-nos avisá
Que de rendez-vuzes
Todos façam cruzes
Pelo carnavá!...
Em casas da zona
Não entra nem dona
Nem amigas sua
Se tem namorado
Converse fiado
No meio da rua.
Em porta e janela
Fica a sentinela
De noite e de dia;
Com as arma embalada
Proibindo a entrada
Das moça vadia
A lei da polícia
Tem certa malícia
Bastante brejeira;
O chefe é ranzinza
No dia de "cinza"
Não quer Zé-Pereira!
Coro (Civis)
Me dá licença, não dou, não dou
Faça favô, não dou, não dou
Pra residença, não dou, não dou
Com pressa vou, não dou, não dou
Coro (Madamas)
Do chefe é orde?
Não vou, não vou
Sua atrevida, não vou, não vou
Entrar não pode, não vou, não vou
Vá pra Avenida, não vou, não vou.
Edigar de Alencar ainda cita outro episódio:
"A outra versão espirituosa focalizava um fato de 1913, quando da anterior campanha do jornal A Noite contra o jogo. Naquele ano, para provar a inocuidade da repressão policial ao jogo, o vibrante vespertino instalara no Largo da Carioca, em frente da sua redação, uma roleta. A iniciativa fora dos repórteres Castelar de Carvalho e Eustáquio Alves. Eis os versos da bem sucedida paródia:

O chefe da polícia
Pelo telefone
Manda me avisar,
Que na Carioca
Tem uma roleta
Para se jogar...
Ai, ai, ai
O chefe gosta da roleta, ó maninha
Ai, ai, ai
Ninguém mais fica forreta, ó maninha
Chefe Aurelino, Sinhô, Sinhô,
É bom menino, Sinhô, Sinhô,
Faz o convite, Sinhô, Sinhô,
Pra se jogar, Sinhô, Sinhô,
De todo jeito, Sinhô, Sinhô,
O bacará, Sinhô, Sinhô,
O pinguelim, Sinhô, Sinhô,
Tudo é assim, Sinhô, Sinhô."

Pelo Telefone é o marco inicial da história fonográfica do samba. No entanto, outros "sambas" foram gravados antes de Pelo Telefone, como A Viola está Magoada (Catulo da Paixão Cearense), Moleque Vagabundo (Lourival Carvalho), Chora Chora Choradô (cantada por Bahiano), Janga (com o Grupo Paulista), Samba Roxo (com Eduardo das Neves), No Samba (gravada por Pepa Delgado e Mário Pinheiro), Samba - Em Casa de Baiana (com o Conjunto da Casa Faulhaber), Samba do Urubu (com o Grupo do Louro), Samba do Pessoal Descarado (com o Grupo dos Descarados), Vadeia Cabolclinha (com o Grupo Tomás de Souza) e Samba dos Avacalhados (com o grupo do Pacheco), dentre outros. (Retirado do fascículo 1 da História do Samba da Editora Globo). O primeiro samba nasceu com a primeira polêmica relacionada a direito autoral. Donga, ou Ernesto dos Santos, registrou sua partitura na Biblioteca Nacional em novembro de 1916, mas não incluíu nenhum parceiro. No entanto, os freqüentadores da casa da Tia Ciata já conheciam o refrão de Pelo Telefone, pois estavam acostumados a improvisar versos em torno do mesmo. O jornalista Mauro de Almeida entrou na parceria quando a música foi gravada pela Banda Odeon. Mas o próprio jornalista admitia que os versos não eram dele, e sim retirados de canções folclóricas. Mauro de Almeida adotava o pseudônimo de Peru dos Pés Frios, daí os versos O Peru me disse... Há dúvida ainda de qual foi realmente a primeira gravação de Pelo Telefone. No seu depoimento para o MIS, em 1969, Donga comenta a respeito:
O polêmico "Pelo telefone"
Um dos primeiros comentários que se pode adiantar sobre a música Pelo telefone diz respeito à questão dos direitos autorais da composição, ainda hoje objeto de discussão não totalmente esclarecido.
Maria Theresa Mello Soares 20, revela-nos o seguinte:
"Historicamente o primeiro caso - que foi muito comentado no Rio de Janeiro - de posse indébita de composição musical teve como protagonista Ernesto dos Santos, ou melhor, o Donga, violonista que tocava de ouvido, 'nem sabia traçar as notas de música'. Pelo telefone - tango, maxixe ou samba, nunca ficou bem definida a sua classificação - foi a composição que gerou polêmica ruidosa no meio artístico carioca, provocando atritos e discussões, principalmente pela imprensa que tomou partido de um jornalista envolvido no 'affaire'".
Problemas à parte, 1917 é de fato considerado um ano-chave para a história da música brasileira de raízes populares e urbanas, justamente devido ao lançamento de Pelo telefone, considerado o primeiro samba oficialmente registrado no Brasil. A partir de então, o samba - que já se prenunciava anteriormente através de formas variantes como o lundu, o maxixe, a polca e a habanera - individualizou-se, adquiriu vida própria, tornando-se definitivamente um gênero musical:
"Um fato até então inédito acontece: os clubes carnavalescos, que nunca tocavam a mesma música em seus desfiles, entraram na Av. Central tocando Pelo telefone". 21
Outra grande dúvida mencionada por pesquisadores recai sobre a data da composição. Embora tenha sido lançada no carnaval de 1917 com êxito extraordinário, o registro da partitura para piano, feito por Donga na biblioteca nacional, é de 16 de dezembro de 1916.
A questão sobre a autoria, levantada anteriormente, é também outro aspecto importante nessa discussão. Sabe-se que muitas reuniões de samba de partido alto ocorriam no terreiro de tia Ciata, freqüentado por sambistas, músicos, curiosos e jornalistas, tais como: Donga, Sinhô, Pixinguinha, João da Mata, Mestre Germano, Hilário Jovino e Mauro de Almeida. Este último - Mauro de Almeida - teria escrito os versos para a música de criação coletiva intitulada Roceiro, executada pela primeira vez como tango em um teatro da rua Haddock Lobo, em 25 de outubro de 1916. Valendo-se da repercussão imediata da música, Donga não hesitou em registrá-la com o título de Pelo telefone, aparecendo então como o único autor, omitindo a letra do jornalista Mauro de Almeida. Houve reações e protestos, principalmente daqueles que se sentiram diretamente atingidos. Assim comenta Edigar de Alencar 22:
"O registro do samba (nº 3295) não teve a repercussão que teria hoje. Música de muitos não era de ninguém. Não tinha dono, como mulher de bêbado..."
Renato Vivacqua é quem afirma:
"Mesmo assim, o Jornal do Brasil de 04.02.1917 trazia o seguinte comentário:
Do Grêmio Fala Gente recebemos a seguinte nota: Será cantado domingo, na av. Rio Branco, o verdadeiro tango Pelo telefone, dos inspirados carnavalescos, o imortal João da Mata, o mestre Germano, a nossa velha amiguinha Ciata e o inesquecível bom Hilário; arranjo exclusivamente pelo bom e querido pianista J. Silva (Sinhô), dedicado ao bom e amigo Mauro, repórter da Rua, em 6 de agosto de 1916, dando ele o nome de Roceiro'.
Pelo telefone
A minha boa gente
Mandou me avisar
Que o meu bom arranjo
Era oferecido
Para se cantar.
Ai, ai, ai
Leva a mão na consciência, meu bem.
Ai, ai, ai
Mas pra que tanta presença, meu bem?
Ó que cara dura
De dizer nas rodas
Que este arranjo é teu!
É do bom Hilário
É da velha Ciata
Que o Sinhô escreveu
Tomara que tu apanhes
Pra não tornar a fazer isso,
Escrever o que é dos outros
Sem olhar o compromisso"

Tudo indica que a composição seja mesmo de caráter coletivo, cantarolada com versos variados em alguns pontos da cidade, tendo sido mais tarde reformulados por Donga e Mauro de Almeida.
Teria sido "Pelo telefone" o primeiro samba realmente registrado no Brasil?
Há contestações e controvérsias. Hoje não mais se acredita que este tenha sido o primeiro registro do gênero samba no selo de um disco. Alguns pesquisadores, entre eles Renato Vivacqua 24, mencionam pelo menos três outras composições designando o gênero: Um samba na Penha (interpretado por Pepa Delgado e lançado pela Casa Edison em 1909); Em casa da Baiana (de 1911); e por último A viola está magoada (de autoria de Catulo da Paixão Cearense, composto em 1912 e gravado em 1914). Edigar de Alencar também menciona um outro samba denominado Samba roxo (de Eduardo da Neves, de 1915).
Afinal, qual a verdadeira letra de "Pelo telefone"?
Uma outra polêmica até hoje não totalmente desvendada diz respeito à letra original do samba - que teria recebido inúmeras alterações e paródias ao longo do tempo, gerando confusões.
Donga chegou a afirmar que a verdadeira letra da 1ª estrofe seria iniciada pelo verso O chefe da folia, mas por diversas vezes caiu em contradição, dizendo que o 1º verso da música era de fato O chefe da polícia.
Sobre essa estrofe, comenta Edigar de Alencar 25:
"Os versos expressivos e bem feitos eram uma glosa sutil a um fato importante. O então chefe da polícia Aurelino Leal determinara em fins de outubro daquele ano (1916), em ofício publicado amplamente na imprensa, que os delegados distritais lavrassem auto de apreensão de todos os objetos de jogatina encontrados nos clubes. Antes de qualquer providência, porém, ordenara que lhe fosse dado aviso pelo telefone oficial."
Portanto, duas hipóteses são aceitas para esta primeira estrofe:

O chefe da folia
O chefe da polícia
Pelo telefone
Pelo telefone
Manda me avisar
Manda me avisar
Que com alegria
Que na Carioca
Para se brincar
Para se jogar
Para se brincar


A Donga se deve pelo menos o fato de ter percebido que o samba, ainda em seu nascedouro, surgiria a partir daquela data não mais como uma dança ou festa coletiva, mas como um bem cultural digno de ser comercializado e divulgado no rádio, então único meio de comunicação de massa, ávido para ter o que tocar. Os últimos comentários a esse respeito são de Almirante, citado no livro de Edigar de Alencar:
"Em resumo, o Pelo telefone teve um autor indiscutível: Mauro de Almeida, criador de seus versos e cujo nome permaneceu sempre sonegado. Jamais recebeu quaisquer direitos autorais, como seria justíssimo. Mauro de Almeida, com 74 anos de idade, morreu a 19 de junho de 1956. E quais foram os parceiros da melodia do Pelo telefone? Segundo a imprensa, conforme citamos: João da Mata, mestre Germano, tia Ciata, Hilário Jovino, Sinhô e Donga. Mas todos eles..."
Cabe assinalar ainda que a música recebeu uma versão teatral de Henrique Júnior com o mesmo título, que teve sua estréia em 7 de agosto de 1917 no Teatro Carlos Gomes, ficando menos de uma semana em cartaz.
Apenas música para se brincar no carnaval
Assim como a marcha, o "samba anônimo" - batucado e gingado coletivamente - surgiu com o desenvolvimento do carnaval, para atender às camadas subalternas que ainda não possuíam um tipo de música própria que as representasse durante os desfiles e comemorações do Rei Momo. Aos poucos, foi atraindo músicos da classe média que tinham acesso à "mídia" da época - o rádio, também em sua fase inicial - e acabou perpetuando-se no tempo graças aos foliões de rua.

1917
É fundado o Cordão Carnavalesco Estrela de Ouro.

1919
O lança-perfume apresenta as suas bisnagas de vidro de 10, 30 e 60 gramas e as diferentes marcas brasileiras são: Rodo, Rigoleto, Flirt e Vlan.

1920
Surge a Peleja, nome dado as batalhas de confete ocorridas a partir dessa década.

1921
Maria Adamastor é aplaudida ao desfilar no carnaval carioca em um rancho como mestre-sala.

1923
Surge no subúrbio de Osvaldo Cruz o bloco carnavalesco Portela.
A pedido do escritor Coelho Neto, os ranchos são obrigados a apresentar como enredo dos seus desfiles, assuntos ligados a vida nacional.

1927
Surgem as bisnagas de metal para o lança-perfume.

1928
Data da fundação da 1ª escola de samba no Rio de Janeiro, a “Deixa Falar”, no bairro do Estácio.
No dia 28 de abril é fundada no Rio de Janeiro, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Ela surge com a fusão de diversos blocos existentes no morro de mesmo nome, e entre os blocos mais famosos destacava-se o Bloco dos Arengueiros.
Em 12 de agosto desse ano, é fundado a 1ª escola de samba do Rio de Janeiro, a Deixa Falar, no subúrbio do Estácio.

30, década de
A partir dessa década, Ézio Laurindo da Silva, mais conhecido como Delegado, da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira desfila por 70 anos consecutivos na escola, além de ter desfilado na bateria e na harmonia, Seu Delegado, como é conhecido, desfilou durante 30 anos como mestre-sala e obteve a nota máxima durante todos esses anos, em que defendeu o pavilhão da verde e rosa.

1930
O mestre de fanfarra dos Fenianos, introduz uma bateria no desfile desse clube. Ele age como precursor da nova modalidade que a partir do ano seguinte iria tomar conta do carnaval carioca, tornando-se com o tempo, uma das maiores e única atração do carnaval carioca.
A Portela cria a Comissão de Frente uniformizada.
Na Praça Onze é realizado o primeiro desfile das escolas de samba, por iniciativa delas próprias, a Estação Primeira de Mangueira por exemplo, desfilou com este enredo:

ENREDO: LINDA DEMANDA
AUTOR: SATURNINO
LINDA DEMANDA
EXISTE NO SAMBA
A NOSSA LUTA SEM RANCOR
MANGUEIRA OSWALDO CRUZ,
ESTÁCIO E AMIZADE QUE ESTREITA
OS LAÇOS SÓ POR AMOR...

ENREDO: EU QUERO NOTA
AUTOR: ARTHURZINHO
EU QUERO É NOTA
CARINHO E SOSSEGO
PARA VIVER DESCANÇADO BIS
CHEIO DE ALEGRIA, MEU BEM
COM UMA CABROCHA AO MEU LADO
EU QUERIA TER DINHEIRO
QUE FOSSE GRANDE PORÇÃO
EU COMPRAVA UM AUTOMÓVEL
IA MORAR LÁ NO LEBLON
SOU UM TRISTE OPERÁRIO
NÃO POSSO BANCAR BARÃO
VOU MORAR LÁ EM MANGUEIRA
NUM MODESTO BARRACÃO (breque)
EU QUERO É NOTA
EU QUERO É NOTA
CARINHO E SOSSEGO
PARA VIVER DESCANÇADO BIS
CHEIO DE ALEGRIA, MEU BEM
COM UMA CABROCHA AO MEU LADO
TODO MUNDO ACHA GRAÇA
DE UM POBRE VAGABUNDO
SE A SORTE FOSSE IGUAL
NINGUÉM RIA NESTE MUNDO
EU DESÇO DE MADRUGADA
ENGANANDO A MOÇADA
QUE VOU TRABALHAR
PORÉM QUANDO A FÁBRICA APITA
PEGO NA MINHA MARMITA
VOU ME ALIMENTAR.

1931
Surge no Recife, PE, o Bloco de Carnaval Homem da Meia Noite.
A Portela apresenta o samba-enredo.
Surge no carnaval carioca o primeiro samba-enredo apresentado pela escola de samba Vai Como Pode (depois Escola de Samba Portela).

1932
O jornal Mundo Esportivo patrocina outro desfile de escolas de samba.
É realizado o 1º desfile extra-oficial das escolas de samba, vencido pela Mangueira.
A Mangueira introduz em sua bateria o pandeiro oitavado e cria a Ala dos Compositores.
Surge o primeiro Rei Momo do carnaval brasileiro, um boneco gigante, feito de papelão colorido descansando sua obesidade numa fivela dourada, e na cabeça uma coroa de lata reluzente.

1933
Cabe ao folião Francisco Morais Cardoso (redator de turfe), com 120 quilos de peso, a primazia de ser o primeiro Rei Momo do carnaval carioca e brasileiro.

1935
Em 1º de março desse ano a Escola de Samba Vai Como Pode, adota o nome de Portela, e foi a primeira escola a apresentar alegorias no desfile carnavalesco.
Na Praça Onze é realizada pela 1ª vez um desfile oficial das escolas de samba do Rio de Janeiro e foi vencido pela “Vai Como Pode”, que daria origem a Portela.
É oficializado o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Surge a figura do Cidadão Momo no carnaval carioca. Esse personagem foi criado pelo Cordão dos Laranjas para contestar o prestígio do Rei Momo. O primeiro Cidadão Momo foi o cantor Silvio Caldas.

1936
A partir desse ano desaparecem os disfarces de rosto por determinação das autoridades policiais, como medida de segurança pública.

1939
A Portela apresenta o enredo “Teste ao Samba”, que foi considerado por muitas pessoas como o primeiro samba-enredo da história do carnaval.

Compositor: Paulo Benjamim de Oliveira (Paulo da Portela)
Vou começar a aula
Perante a comissão
Muita atenção!
Eu quero ver
Se diplomá-los posso
Salve o fessor
Dá nota a ele senhor
Quatorze com dois são doze
Noves fora tudo é nosso
Cem divididos por mil
Cada um com quatro fica
Não pergunte à caixa surda
Não peça cola à cuíca
Nós lá no morro
Vamos vivendo de amor
Estudando com carinho
O que nos passa o professor

1942
O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro passam a ser realizados na Avenida Presidente Vargas.

1947
Surge em Olinda, PE, o bloco Pitombeiras dos Quatro Cantos, uma troça carnavalesca criada pelos moradores do bairro Quatro Cantos. Nos dois primeiros carnavais os integrantes da troça saem de dorso nu e empunhando galhos de pitombeiras, daí resultando o nome do bloco.
Em 23 de março, é fundada a escola de samba Império Serrano no Rio de Janeiro.

1948
A escola de samba Império Serrano introduz uma frigideira em sua bateria.

1953
Em 12 de dezembro é fundado o bloco de empolgação Bafo de Onça.
Desde esse ano, é obrigatória a presença da ala das baianas nos desfiles de escolas de samba.

1955
Surge no carnaval carioca, o prato (de banda), um instrumento de percussão apropriado as bandas de música e que foi introduzido pela Escola de Samba Império Serrano.

1958
Ano de Fundação da Primeira Escola de Samba de Campos, a Grêmio Recreativo Escola de Samba União da Esperança.

1963
Na Avenida Presidente Vargas é realizado o 1º desfile onde foram cobrados ingressos.

1964
Haroldo de Santa Cruz, utiliza-se de uma lanterna de pilha que a cada mudança de cor a bateria da Escola de Samba Em Cima da Hora, entrava ou parava os seus instrumentos.

1965
A Grêmio Recreativo Escola de Samba Salgueiro, apresenta sua comissão de frente no desfile desse ano fantasiada com Burrinhas, e a escola foi campeã nesse ano.
A Academia de Ritmos Mocidade Louca desfila no Rio de Janeiro, na Avenida Presidente Vargas, em homenagem ao Quarto Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.
É realizado no Rio de Janeiro, o primeiro concurso Pandeiro de Ouro, vencido por Antônio Augusto, pandeirista da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
É proibido o uso do éter perfumado em qualquer manifestação carnavalesca, por decreto do presidente Castelo Branco.

1967
Nesse ano a Mangueira apresenta uma comissão de frente formada apenas por mulheres fantasiadas de fadas.
O Rei Momo do carnaval carioca passa a ser regido pelo Decreto nº 1.455, devendo ter no mínimo 100 quilos, medir 1m65 ou mais de altura, ser maior de 21 anos e portador de reconhecida idoneidade moral, além de apresentar atestado de boa saúde.

1969
A Imperatriz Leopoldinense também apresenta uma comissão de frente formada por mulheres, mas com lindíssimas africanas estilizadas.
A Escola de Samba Salgueiro, do Rio de Janeiro, apresenta com o enredo Bahia d Todos os Deuses, o primeiro samba-enredo curto.

70, década de
As escolas de samba adotam o sistema de escolha de sambas-enredo.

1970
Na cidade paulista de Bauru, um canhão lançador de confete, aparelho inventado na mesma cidade, desfila pelas ruas da cidade.

1971
Surge no carnaval, o confete fabricado com bolinhas de isopor, que logo foi condenado pelos fiscais da Saúde Pública diante do mal que poderia causar. Antes da evidência das rodelinhas de papel, utilizava-se papel picado.

1972
Elísio da Conceição, mais conhecido como Macula foi o primeiro Rei Momo de cor escura, eleito para o carnaval carioca.

1974
O destaque é oficializado e mantido nos carros alegóricos.

1978
Surge o Bloco Carnavalesco Galo da Madrugada, no bairro de São José, Recife, PE, que desfila pelas ruas centrais da cidade nas manhãs do sábado gordo de carnaval.

80, década de
Surgem os Bois Pintadinhos em Campos.

1981
Ressurge a figura barulhenta do Zé Pereira, no carnaval carioca do Rio de Janeiro, eleito em um concurso realizado pela Riotur.

1984
O decorador Raimundo dos Santos Oliveira, travestido de mulher, desfila como porta-bandeira pela Escola de Samba Unidos do Gavião, no carnaval de Niterói, RJ.
Em 4 de março é inaugurado no domingo de carnaval, a Praça da Apoteose, recanto final do conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer e construído no governo de Leonel Brizola, do Rio de Janeiro.
Os desfiles das escolas de samba são levados para a Marquês de Sapucaí, na Passarela Professor Darcy Ribeiro, conhecida como “Sambódromo”.
A Escola de Samba Império do Maringá, do Rio de Janeiro, apresenta uma comissão de frente formada por 12 sereias.

1985
Com o tema E Por Falar em Saudade a Escola de Samba Caprichosos de Pilares, descumpre uma determinação e uma exigência de glorificar figuras ou fatos históricos no carnaval desse ano, e apresenta um enredo irreverente, irônico, ousado e panfletário. Esse samba ficou conhecido como Tem Bumbum de Fora, em virtude do seu refrão final, e foi composto por Almir Araújo, Marquinhos Lessa, Hércules Corrêa, Balinha e Carlinhos de Pilares.

2004
Wagner Jorge Wanderson dos Santos Monteiro, é o primeiro Rei Momo Magro eleito para o carnaval do Rio de Janeiro. O prefeito César Maia é quem autorizou a mudança no regulamento do concurso, acabando com a exigência do peso mínimo de 110 quilos.

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